A ministra Marina Silva entregou nesta quarta-feira (13) o Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente aos ganhadores da edição 2006. A cerimônia, realizada no auditório do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte, em Brasília, teve premiados nas categorias: 1) Liderança Individual; 2) Associação Comunitária; 3) Organização Não-Governamental; 4) Negócios Sustentáveis; 5) Ciência e Tecnologia; 6) Arte e Cultura. Cada vencedor recebeu, além de diploma, um cheque no valor de R$ 20 mil. O ano de 2006 foi o que mais registrou inscrições desde 2002, quando houve a primeira edição do Prêmio – 87 trabalhos inscritos. O prêmio foi lançado com o objetivo de valorizar trabalhos realizados em benefício da conservação da Amazônia.
Os premiados – Na Categoria Liderança Individual, o primeiro lugar ficou com o padre Paolino Baldassari, que em Sena Madureira, no Acre, realiza trabalho social, ambiental e de saúde de continuidade ao ideal forjado por Chico Mendes. O segundo lugar ficou com o sindicalista Nilfo Wandscheer, do município de Lucas de Rio Verde, no Mato Grosso. Ele foi escolhido por ter criado a regional do Grupo de Trabalho Amazônico naquele estado e executar o Projeto Proteger do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil. O terceiro lugar ficou com Manoel da Silva Cunha, de Manaus, onde consolidou sua liderança comunitária junto às comunidades extrativistas que vivem na área da Reserva Extrativista do Médio Juruá.
Na categoria Associação Comunitária, o primeiro lugar foi concedido ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Lucas do Rio Verde, em MT. A entidade foi premiada por associar à sua plataforma de luta pela terra o compromisso pela conservação ambiental e pela agricultura ecológica. O segundo lugar foi dividido pela Associação Comunitária da Reserva Extrativista do Rio Iriri, de Altamira (PA), e com a Associação dos Moradores do Rio Unini, Barcelos (AM). A primeira foi responsável pela criação da Reserva Extrativista do Iriri (Terra do Meio), uma das principais conquistas da associação, que combate a grilagem de terras e as práticas ilegais de exploração dos recursos naturais, na região conhecida como Terra do Meio. Já a Reserva do Iriri foi escolhida pelo seu trabalho em favor da resolução de conflitos gerados com a proibição ao uso dos recursos naturais, do controle social sobre eles e da busca de alternativas à resolução da questão fundiária no Parque Nacional do Jaú (AM). O terceiro lugar ficou com a Associação de Desenvolvimento Comunitário de Lages, de Monte Alegre (PA), pelos experimentos agrícolas alternativos e o beneficiamento do buriti com base sustentável em comunidades do entorno do Parque Estadual Monte Alegre, dando a elas nova base de subsistência com sustentabilidade.
Na categoria Organização Não-Governamental, o primeiro lugar foi concedido à Operação Amazônia Nativa, de Cuiabá (MT). A ong desenvolve projetos de defesa territorial, sustentabilidade, atenção à saúde, educação, e promove formação e capacitação, em diferentes áreas, por meio do contato direto com aldeias indígenas. O segundo lugar foi conquistado pela Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, de Porto Velho (RO), que desenvolve ações de proteção ao ambiente e aos direitos indígenas. O segundo lugar ficou com o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), de Brasília, pela sua atuação na capacitação de recursos humanos voltados à conservação e ao uso sustentável dos recursos naturais. O terceiro lugar foi entregue à Associação Vaga-lume, de São Paulo (SP), pelo desenvolvimento cultural e educacional de comunidades rurais da Amazônia Legal.
Na categoria Negócios Sustentáveis, o primeiro lugar foi obtido pela Organização Indígena da Bacia do Içana, de São Gabriel da Cachoeira (AM), pela promoção de geração de renda e da avaliação do potencial florestal da região para garantir o uso racional dos recursos naturais, em benefício das comunidades indígenas. O segundo lugar ficou com a indústria de objetos de madeira Liba Produtos Florestais, de Rio Branco (AC), que realiza manejo florestal comunitário em parceria com associações de seringueiros. O terceiro lugar ficou com a Associação dos Extrativistas e Artesãos do Capim Dourado do Jalapão, de Novo Acordo (TO), pela confecção sustentável do artesanato daquele capim, base do negócio desenvolvido pela Associação.
Na categoria Ciência e Tecnologia, o primeiro lugar foi entregue ao cientista Philip Fearsinde, de Manaus. Um dos primeiros cientistas no Brasil a alertar para o impacto do desmatamento sobre o clima, Fearside foi escolhido pelo extenso currículo de atividades de pesquisa desenvolvidas na Amazônia e pelo desenvolvimento do projeto Serviços Ambientais Como Estratégia Alternativa para o Desenvolvimento na Amazônia. O segundo lugar ficou com Tânia de Paula e Cristian Ullmann, de São Paulo (SP), pelo Projeto Oficina Nômade, que identifica, apóia, divulga e fortalece o mercado de produtos comunitários amazônicos que utilizam de forma sustentável os recursos naturais. Já o terceiro lugar ficou com Floriano Pastore Jr., de Brasília, pela realização do projeto de uso de tecnologia alternativa para produção de borracha natural, que permite ao trabalhador preparar o látex beneficiado, empregando técnicas e materiais simples de custo relativamente baixo. Já o terceiro lugar ficou com o Museu Emílio Goeldi, de Belém (PA), pela geração e divulgação do conhecimento científico na Amazônia, por meio de estudos e da difusão da sociobiodiversidade.
Na categoria Arte e Cultura, o primeiro lugar ficou com Mara Régia Di Perna, de Brasília. Jornalista e professora universitária, ela desenvolve, desde 1990, programas de rádio voltados à capacitação das populações amazônicas em relação a temas como cidadania, cultura popular, conhecimentos tradicionais, sexualidade, meio ambiente e outros. O segundo lugar ficou com Feliciano Pimentel Lana, de São Gabriel da Cachoeira (AM). Membro do povo indígena Desana, seus trabalhos em arte gráfica, textos e livros serviram de base para diversos pesquisadores interessados nas questões culturais e ambientais da região do Alto Rio Negro. O terceiro lugar ficou com a Associação dos Seringueiros do Seringal Cazumbá, Sena Madureira (AC). A entidade foi classificada pelo Projeto Barco de Leitura, da Resex Cazumbá-Iracema (Acre), que busca democratizar o acesso à cultura por meio de obras literárias entre crianças e jovens da Resex. (MMA)