Da Caatinga para a vitrine do aeroporto

Carnaúba, babaçu, pequi, caruá e umbu. A biodiversidade ainda pouco conhecida do sertão brasileiro é a matéria-prima de diversas comunidades que, com a exploração sustentável de plantas, flores e frutos, estão contribuindo para a preservação da Caatinga. Comercializar os produtos oriundos da região, no entanto, continua sendo um problema para os trabalhadores que vivem do artesanato local. Mas, a partir desta semana, parte deles passa a contar com um espaço de maior visibilidade para expor e vender suas mercadorias: uma loja montada no aeroporto de Petrolina, em Pernambuco, que tem capacidade para receber 150 mil passageiros por ano.

Batizada como Budega da Caatinga, a loja é resultado de uma parceria entre a Infraero e o Projeto de Manejo de Ecossistema do Bioma Caatinga, desenvolvido em parceria pelo Ministério do Meio Ambiente, o GEF (Fundo para o Meio Ambiente Mundial, na sigla em inglês) e o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O espaço vai comercializar os alimentos e artefatos produzidos por nove cooperativas que atuam na Caatinga. As mercadorias ficarão consignadas, e as despesas do estabelecimento serão divididas entre as entidades. A idéia é estimular o chamado mercado justo – baseado na exploração sustentável dos recursos naturais, sem a descaracterização do artesanato tradicional e sem a exploração dos trabalhadores.

As mercadorias produzidas pelas comunidades a partir dos recursos naturais da Caatinga vão desde geléias e compotas de umbu até jóias e peças de cestaria feitas com fibra de carnaúba e ouricuri. O acervo ainda inclui artefatos de madeira produzidos por uma cooperativa de extração sustentável e papel reciclado. A comercialização desses produtos no aeroporto será uma forma de fortalecer o modelo que já vem sendo adotado pelas nove comunidades selecionadas, afirma Francisco Campelo, coordenador regional do projeto em Pernambuco. “O mote é criar um meio de assegurar o uso sustentável da Caatinga. A idéia é preservar o bioma”, defende.

Entre as comunidades que terão seus produtos expostos na loja está uma do Rio Grande do Norte, que faz artesanato de carnaúba; três da região de Araripe, entre Ceará e Pernambuco, que usam como matéria-prima o babaçu e o pequi; uma de Ouricuri (PE), que produz peças de madeira; e uma de Caroalina (PE), que faz caixas usando caruá – um tipo de bromélia do Caatinga. Há ainda uma comunidade quilombola de Salgueiro (PE) que também usa o caruá para fazer artesanato; uma cooperativa de Mauá (BA) que faz geléias e compotas de umbu; e uma comunidade da região de Xingó, entre a Bahia e Alagoas, que fabrica peças de fibra de ouricuri. (Alan Infante/ PrimaPagina)