O déficit de energia disponível causado pelas usinas termelétricas que não estão conseguindo operar a plena carga por falta de gás chega a 3.624 megawatts (MW) médios, segundo cálculos da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica. O número é bem superior ao déficit de aproximadamente 2.910 MW médios apontado pelo teste das usinas concluído na sexta-feira passada pelo ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico. Também é superior ao déficit de 2.888 MW médios que havia sido apontado pela Aneel no fim de novembro.
Segundo a Aneel, o déficit salta de 2,9 mil MW médios para 3.624 MW médios quando são levadas em conta quatro usinas termelétricas (Cuiabá, Fafen, Termopernambuco e Uruguaiana) que não foram incluídas na lista das 13 usinas testadas neste mês pelo ONS, mas que estavam entre as usinas que não conseguiram gerar a plena carga nos meses de agosto, setembro e outubro.
De acordo com a agência, essas quatro usinas deixaram de gerar aproximadamente 714 MW médios quando tiveram de despachar nesses meses. Assim, somando-se o que elas deixaram de gerar naquela época com os 2.910 MW médios que também não foram produzidos no teste, chega-se ao déficit total de 3.624 MW médios.
E é esse número que deverá ser levado em conta pela Aneel no próximo mês, quando entrará em vigor a resolução aprovada no fim de novembro que retira do cálculo do planejamento do setor elétrico a energia que as termelétricas não estão conseguindo gerar. A retirada desses megawatts do “estoque” de energia disponível no País deverá elevar a percepção de risco de racionamento para os próximos anos, e também o preço da energia no mercado de curto prazo.
Segundo a Aneel, o déficit da energia das termelétricas pode ser ainda maior, uma vez que outras quatro usinas (C.Jereissati, Camaçari, Fortaleza e Termobahia) não foram testadas em dezembro e nem tiveram de ser despachadas em agosto, setembro, outubro, de modo que não se verificou se elas conseguem ou não gerar a plena carga. Somadas, essas quatro usinas têm uma capacidade instalada declarada de 1.112 MW. (Leonardo Goy/Estadão Online)