Previsões meteorológicas de longo prazo não atendem às necessidades do setor energético, aponta ONS

Responsável pela coordenação e pelo controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica do sistema nacional, o ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico também necessita de informações climáticas precisas para planejar suas ações. Mas não costuma considerar as previsões de longo prazo em seus estudos qüinqüenais, segundo o gerente de Hidrologia do ONS, Vinicius Forain Rocha.

As previsões de precipitação de chuvas e de temperaturas, explicou, são de dez e sete dias, respectivamente. Ele acrescentou que os modelos de previsão de longo prazo ainda não são confiáveis.

“Precisamos de informações relativas a um espaço de tempo maior, mas, por enquanto, elas ainda não têm uma resposta confiável. O ONS tem de elaborar estudos olhando cinco anos à frente para decidir os impactos que a variabilidade de consumo e de precipitação podem ocasionar. Hoje, concretamente, não usamos essas informações nem para daqui a um ano”, disse.

Rocha admite, no entanto, que as previsões de tempo e clima contribuem para aperfeiçoar a operação do setor e para a melhor utilização dos recursos. Além de empregar dois meteorologistas, o ONS recorre à informações de instituições como o CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, ligado ao Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Os estudos climáticos, esclareceu, têm uma contribuição para três aspectos das atividades do operador nacional. Sob a perspectiva da geração hidrelétrica, lembrou, é necessário antecipar a precipitação de chuvas a fim de calcular a capacidade de geração de energia a partir de determinado volume hidrelétrico. Informações sobre o volume de chuvas nas bacias hidrográficas, por exemplo, são fundamentais para as atividades do ONS.

Um segundo aspecto é a previsão da demanda por energia, para a qual são levadas em consideração as previsões de temperatura, já que uma elevação tem forte correlação com o consumo.

O terceiro aspecto, que Rocha considera importante para a coordenação das redes de transmissão, é a ocorrência de fenômenos naturais como chuvas ou ventos fortes perto das linhas de transmissão. Nesses casos, explicou, com os avisos prévios, os técnicos monitoram a situação e podem elaboram alternativas para evitar falhas. (Alex Rodrigues/ Agência Brasil)