O professor do programa de planejamento energético da Coppe – Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Roberto Schaeffer, propõe a instituição de um nível mínimo de eficiência para eletrodomésticos e automóveis brasileiros, com o objetivo de reduzir o consumo de energia e, conseqüentemente, as emissões de CO2 no País.
Um dos representantes do grupo brasileiro que vem ajudando na elaboração dos relatórios sobre aquecimento global do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC), Schaeffer diz que o setor de transporte deve ser a principal preocupação no País, já que a grande indústria já é eficiente do ponto de vista energético e a geração de energia é majoritariamente hidrelétrica.
“Há diversos países que estabelecem níveis mínimos de eficiência de automóveis, mas no Brasil podem ser fabricados carros com qualquer consumo de combustíveis”, afirmou, sugerindo redução tributária para veículos mais econômicos. Do ponto de vista da energia elétrica, diz, estima-se que o parque gerador brasileiro se torne cada vez mais poluente, com maior uso de gás natural e carvão, mas essa ainda não é grande preocupação.
Para evitar que esse momento chegue, diz, o governo deveria incentivar o consumo mais eficiente de energia, principalmente nas residências.
“A indústria eletrointensiva brasileira é voltada para exportação e, por isso, já é bem eficiente. Se não fosse, perderia mercados”, avalia. Nas residências, porém, há grande uso de eletrodomésticos pouco eficientes, aponta. Na sua opinião, o tema da eficiência energética “é o primo pobre” do setor elétrico brasileiro, relegado ao segundo plano nas discussões.
“A eficiência energética se traduz em uma necessidade menor de expansão do parque gerador a custos menores e evita o aumento das emissões de CO2 no futuro”, afirma. “Mas, infelizmente, esse caminho não dá votos, como a construção de grandes usinas”. (Nicola Pamplona/ Estadão Online)