Em seu último compromisso oficial em Brasília, o diretor-executivo do Pnuma – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Achim Steiner, afirmou que em breve o meio ambiente será a principal variável para definir tanto o crescimento econômico quanto a sua velocidade. O diretor, que ocupa a mais alta hierarquia ambiental na ONU, participou nesta terça-feira (6), com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de um debate na sede do Ibama, cujo tema era “Os Desafios do Desenvolvimento Sustentável e as Respostas do Sistema Multilateral”.
Segundo Steiner, a ascensão do consumo responsável terá grande impacto nesse cenário. “São vários os fatores que contribuirão para o crescimento econômico de uma nação, e a questão ambiental deixará o plano secundário para assumir um papel fundamental”, afirmou o alto executivo da ONU. “Os governos e as empresas precisarão estar atentas a essa mudança de comportamento para conseguirem atingir consumidores no seu mercado interno e também no exterior”, disse.
De acordo com o diretor-executivo do Pnuma, o Brasil, com suas bem-sucedidas políticas de redução do desmatamento e de biocombustíveis, será um líder natural dos países em desenvolvimento. “O Brasil deverá ajudar outras nações, ainda, com suas experiências de manejo de florestas e desenvolvimento sustentável”, afirmou Steiner. “A contribuição do Brasil certamente beneficiará muitos países”, disse a ministra Marina Silva. “O mundo está investindo na criação de uma marca ética para seus produtos. Essa é a linha que estamos seguindo”, afirmou a ministra.
Para o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco, a questão ambiental ganhou uma importância estratégica no mundo dos negócios. “As conseqüências das mudanças climáticas serão sentidas primeiro pelos mais pobres, mas os ricos sabem que serão atingidos depois. Então todos vão se mobilizar para reduzir os efeitos”, disse Capobianco.
O pesquisador Paulo Moutinho, do Ipam – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, declarou que os países em desenvolvimento precisam defender seus interesses nos acordos internacionais. “É tão caro para um país em desenvolvimento optar pela preservação ambiental quanto para um país rico mudar sua matriz energética”, afirmou o biólogo. “O Brasil tem 80% de matriz elétrica limpa. Isso não vale nada na OMC?”, questionou.
Também participaram da mesa de debate o presidente do Ibama, Marcus Barros; o físico Roberto Kishinami, consultor do MMA; o secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa; e o deputado federal Fernando Gabeira. O diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, em sua primeira viagem ao Brasil desde que assumiu o cargo, em 2006, encerrou seus compromissos oficiais em Brasília. Ele cumprirá agenda em São Paulo e Rio de Janeiro nos próximos dias. (Rafael Imolene/ MMA)