Ela explicou que a terapia fotodinâmica é Indicada no tratamento de cânceres de pele não melanoma, mais freqüentes na população e que, geralmente atinge pessoas de pele clara em áreas expostas ao sol. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, apresentados em material impresso, durante o evento, o número de casos de câncer de pele tem aumentado, principalmente, nas mulheres. Ainda segundo a Sociedade, durante o Programa Nacional de Controle do Câncer de Pele no Brasil, realizado em 2006, dos 41.751 pacientes atendidos nacionalmente em consultórios dermatológicos, 3.965 apresentaram câncer de pele, sendo a média percentual 9,5%. O índice mais baixo foi registrado em Tocantins (4,9%), e o mais alto no Espírito Santo (15,5%). No Rio de Janeiro a média ficou em 7,4%.
O novo procedimento terapêutico, segundo Issa, é uma associação de substância fotossensibilizante tópica e luz específica. De acordo com a médica, os fotossensibilizantes tópicos, que tornam apenas regiões determinadas fotossensibilizadas, usados na terapia são o ALA (ácido 5-aminolevulínico) e o MAL (aminolevulinato de metila), sendo este último uma molécula geneticamente modificada a partir da ALA, com maior capacidade de penetração na derme. As substâncias fotossensibilizantes estão presentes em um creme, cujo nome comercial é Metvix. É justamente esse creme, fabricado pelo Galderma, que é aplicado no paciente na região do câncer, e após uma série de procedimentos, é estimulado pela exposição à luz específica, intitulada Aktilite.
Indicação
No Brasil, a terapia foi aprovada pela Anvisa no tratamento dos cânceres de pele não melanomas: ceratose actínica e carcinoma basocelular, sendo que para mais um tipo de câncer, doença de Bowen, está em processo de aprovação. Segundo Maria Cláudia Almeida Issa, a escolha do tratamento depende de uma série de fatores como “idade do paciente, localização da doença, extensão, aderência do paciente ao tratamento e a preferência do paciente” já que “existem atualmente algumas opções de tratamento para câncer de pele; são elas: cirurgia, curetagem e eletrodessecação, crioterapia e quimioterapia local”.
A terapia fotodinâmica surge como uma nova opção que, segundo a médica, apresenta algumas vantagens. Por exemplo, “a técnica é simples para o dermatologista, fácil e rápida utilização, e ainda pode ser repetida no mesmo local se necessário, além de proporcionar ao paciente um aspecto estético melhor”, disse. Ela afirma ainda que estudos que compararam pacientes que foram submetidos a outros processos de tratamento (cirurgia e crioterapia) aos que utilizaram a nova técnica mostraram que o resultado da aplicação desta última foi semelhante aos outros processos. “Também os índices de reaparecimento do câncer se mostraram semelhantes, apenas nos pacientes que tinham carcinoma nodular e fizeram cirurgia o índice de recidiva foi significativamente menor – 4% – quando comparado ao índice da nova terapia – 14%”, disse.
Como fazer a terapia fotodinâmica
Maria Cláudia Almeida Issa explicou o passo-a-passo do tratamento: “a terapia é realizada duas vezes com um intervalo de uma semana entre as seções. Uma vez no consultório, o médico prepara a pele do paciente com a limpeza do local e com a curetagem, e o processo é feito com a fricção da gaze que retira as células superficiais e impurezas. Logo após, é aplicado o creme com os agentes fotossensibilizantes”. Issa acrescentou que o medicamento deverá agir por três horas no local que será protegido com um curativo. Passado o tempo necessário, o médico retira o curativo e remove o excesso de creme, assim a pele está pronta para receber a luz. A exposição à luz, que deve estar distante de 5 a 8 cm do local, é feita durante 10 minutos.
Ao final do tratamento, o local é novamente protegido com curativo e, depois, “recomenda-se o uso de protetor solar consistente, para que a região não sofra a ação dos raios solares ultravioletas”, disse Maria Claudia.
Como funciona a terapia
A vantagem desse procedimento é, de acordo com a médica, a capacidade de o medicamento não atingir células sadias. Isto é conseqüência da ação do tratamento apenas nas “células que estão danificadas pelo sol, células que estão bioquimicamente modificadas”, disse.
Ela explica que os fotossensibilizantes presentes no creme agem em uma molécula chamada protoporfirina IX, já existente na mitocôndria das células. Os fotossensibilizantes aumentam a produção da protoporfirina IX nas células cancerígenas, que estão bioquimicamente modificadas. A ação da luz provoca uma agitação nessas moléculas de protoporfirina IX, que por sua vez, vão reagir com o oxigênio presente nas células e provocar a destruição da membrana celular e de organelas, principalmente da própria mitocôndria. Segundo a médica, “essa é inclusive, uma outra vantagem do produto, pois por não provocar a morte celular completa, ele não induz a mutagênese”.
Issa esclareceu que a terapia fotodinâmica foi desenvolvida através de estudos realizados na Europa e representa uma nova alternativa que promete resultados estéticos melhores para os pacientes. A terapia tem um custo que, segundo a médica, varia de R$ 800 à R$ 1.500 reais e ainda, não está disponível no SUS, mas segundo representantes do laboratório Galderma há a intenção de disponibilizá-lo. Atualmente, a prefeitura de Fortaleza e o Hospital do Câncer de São Paulo já oferecem a terapia aos pacientes. Ainda, segundo o representante da indústria farmacêutica, “o paciente em outros locais pode conseguir o tratamento, se tiver indicação médica, e solicitar diretamente ao Ministério da Saúde”.
Estudos recentes têm apontado o possível uso da terapia fotodinâmica em acnes, inflamações cutâneas e Leishmaniose. O uso no rejuvenescimento também está sendo pesquisado, como informou Maria Cláudia Almeida Issa. “A possível utilização da terapia nesses outros problemas é fruto da capacidade da terapia fotodinâmica de ‘modificar a resposta inflamatória’ das células”, esclareceu.
Contra-indicação
O medicamento não deve ser usado em mulheres grávidas e também não há experiência do uso em crianças e adolescentes. Segundo a dermatologista, pacientes com porfirias, que apresentam fotossensibilidade, também não devem usar a terapia.
(Fonte: Agência Notisa)