Um estudo científico publicado no jornal “Environment and Urbanization” identifica pela primeira vez as áreas costeiras baixas e vulneráveis à elevação do nível do mar provocada pelo aquecimento global.
No total, 634 milhões de pessoas moram nas zonas de risco – regiões com menos de 10 metros de altitude – e esse número está crescendo, diz o estudo, divulgado nesta terça-feira (27).
Dos mais de 180 países com população vivendo em regiões costeiras de baixa altitude, cerca de 70% possuem áreas urbanas com mais de 5 milhões de pessoas, incluindo Tokyo (Japão), Nova York (EUA), Mumbai (Índia), Xangai (China), Jacarta (Indonésia) e Dacca (Bangladesh).
A Ásia é particularmente vulnerável, e em geral as nações mais pobres correm maior perigo.
O estudo não diz exatamente o que deve ser feito para evitar tragédias. O que tiver de ser feito, porém, não custará pouco e poderá envolver a retirada de muitas pessoas e a construção de estruturas de proteção.
Além disso, acrescenta o estudo, os países deveriam considerar parar ou diminuir o crescimento populacional nas áreas de risco.
“A migração para longe da zona de risco será necessária, porém custosa e difícil de implementar, então os assentamentos costeiros também precisarão ser modificados para proteger os moradores”, disse o co-autor do estudo, Gordon McGranahan, do Instituto Internacional para o Ambiente e o Desenvolvimento, em Londres.
Enchentes – Em fevereiro, o IPCC (Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas) alertou que o nível do mar subirá entre 18 e 59 centímetros até o final deste século, tornando as populações costeiras mais vulneráveis a enchentes e a tempestades mais fortes.
O novo estudo afirma que cerca de 75% das pessoas que vivem em áreas costeiras de risco estão na Ásia, e que nações como Bangladesh e pequenos Estados insulares como as Maldivas deveriam receber ajuda para lidar com o problema.
Entre 1994 e 2004, cerca de um terço dos 1.562 desastres com enchentes ocorreram na Ásia. Metade das 120 mil pessoas que morreram nesse tipo de tragédia viviam na região.
As áreas ameaçadas hoje abrigam cerca de 2% da terra mundial e 10% da população.
Ações para responder ao perigo, porém, não serão muito fáceis.
“Mudanças relativamente pequenas na localização de assentamentos, de uma planície costeira para áreas mais elevadas, podem fazer uma grande diferença”, afirma o estudo.
Isso é especialmente verdadeiro na China, um país com uma economia orientada para a exportação, que criou áreas econômicas especiais em regiões costeiras.
Ranking – O estudo fez um ranking da vulnerabilidade dos países de diferentes maneiras.
Os cinco países com mais pessoas vivendo em áreas de risco são China, Índia, Bangladesh, Vietnã e Indonésia.
As cinco nações com a maior proporção de terras em zonas de risco são Bahamas, Holanda, Bangladesh, Polinésia Francesa e Gâmbia.
Na semana que vem, o IPCC deve alertar o mundo de que regiões costeiras já sofrem o impacto da elevação do nível do mar e do aquecimento global, e que a situação deve piorar.
Por volta de 2080, cerca de 100 milhões de pessoas poderão sofrer com enchentes a cada ano devido à elevação do nível do mar. (Folha Online)