As geleiras do planalto de Qinghai-Tibet alimentam os grandes rios da Ásia, entre eles o Amarelo, o Yang Tsé, o Mekong e o Ganges, em cujas margens vivem centenas de milhões de pessoas, afirmou nesta quarta-feira (30) Li Yan, dirigente do Greenpeace na China.
O aumento incessante das temperaturas, que no Everest é de 0,4 grau por década (o dobro da média chinesa e o triplo da mundial), lembrou Li, acelerou o derretimento e a evaporação das geleiras e da neve.
A alteração do ritmo natural do degelo e o acúmulo de água das geleiras em lagos instáveis que se formam e transbordam já se torna uma grande ameaça para a vida dos que vivem rio abaixo.
“Agora o inverno é tão quente quanto o verão, e não há gelo”, diz um monge tibetano que há 20 anos vive em um mosteiro ao lado da geleira Rongbuk, em um vídeo exibido pelo Greenpeace.
O estudo chega após três expedições à área realizadas nos últimos meses por membros do Greenpeace, nas quais compararam o nível atual das geleiras com fotografias tiradas no local há cerca de 40 anos.
“Grande parte da geleira Rongbuk, a maior na encosta norte do Monte Everest, desapareceu. Isto é um sério alerta. Devemos agir imediatamente ou a maioria das geleiras terá sumido nas próximas décadas”, disse Li.
Os ecologistas observaram o mesmo degelo drástico na região onde nasce o rio Amarelo, também no planalto tibetano, onde as torres de gelo, outrora características, praticamente desapareceram.
Para amenizar a tendência, o Greenpeace instou a China a reduzir as emissões de dióxido de carbono e adotar uma “revolução energética” baseada em fontes renováveis.
Segundo o último relatório da ONU, citado pelo grupo ecologista, caso continue o ritmo anual de aquecimento global, 80% das geleiras do Himalaia terão derretido em 30 anos, o que ameaçará o fornecimento de água de um sexto da população mundial. Outros estudos são mais otimistas. Segundo a Avaliação de Mudança Climática Nacional da China, em 2050 cerca de 27% das geleiras do planalto tibetano terão derretido. (Efe/ Globo Online)