Litoral do Rio ganha fazenda marinha que criará molusco capaz de constatar poluição no mar

O Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande(IED-BIG) inaugura hoje (17) uma fazenda marinha de criação de um tipo de molusco capaz de constatar poluição no mar. É a coquille Saint-Jacques, ou vieira, um espécie nativa da costa brasileira.

A fazenda fica em frente à Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, litoral sul fluminense, e faz parte do Projeto de Repovoamento Marinho da Baía da Ilha Grande, da Eletronuclear e da Petrobras, que já conta com cerca de 40 outras áreas de produção do molusco e pretende incentivar a maricultura na região.

A coquille Saint-Jacques funciona como um bioindicador, ou seja, por intermédio dela, é possível identificar qualquer alteração nas condições do mar, como a presença de poluentes. O molusco, que quase foi existo em meados dos anos 90, precisa de um mar livre de poluição para se desenvolver.

De acordo com o diretor executivo do IED-BIG, José Luiz Zaganelli, a criação de uma fazenda marinha em frente à central nuclear permite que os pesquisadores monitorem o impacto da usina na região e desperta a consciência ecológica dos moradores.

“A coquille Saint-Jacques, como todo molusco, é um bioindicador – é possível, a qualquer momento, fazer uma análise química do animal e identificar se ele tem alguma contaminação. Se tiver alguma poluição na região, ele vai acusar. Ele é chamado de sentinela do mar”, disse Zaganelli.

A iniciativa fornece aos pescadores da região toda a infra-estrutura e suporte técnico necessários para a produção do animal, gerando emprego e renda. Segundo o diretor do projeto, as fazendas marinhas são um negócio lucrativo e não poluente, que agregam desenvolvimento econômico, social e científico.O laboratório do projeto produz anualmente 13 milhões de filhotes do molusco. Em idade adulta, a dúzia do animal chega a ser comercializada a R$ 30.

O projeto, que começou na Ilha Grande, atualmente já existe em sete estados brasileiros. Cerca de 500 famílias são beneficiadas pelo cultivo do molusco e 7 mil pessoas já foram capacitadas em cursos do projeto.
(Fonte: Luiza Duarte / Agência Brasil)