Segundo o coordenador de Agroecologia do ministério, Rogério Dias, o conceito de alimento orgânico não se restringe à eliminação dos agrotóxicos. Esse tipo de produto também abrange, diz ele, princípios como a não-contaminação do solo, o respeito ao meio ambiente e o desenvolvimento da agricultura familiar.
“A saúde hoje talvez seja o que mais motive o consumidor brasileiro a recorrer aos produtos orgânicos”, acredita Dias. “Em outras partes do mundo, há uma procura grande de orgânicos por uma questão social e ambiental, mas aqui ainda se está muito preso ao produto sem agrotóxicos”, acrescenta.
Na Terceira Semana de Alimentos Orgânicos, promovida todos os anos pelo ministério, a programação será diferenciada por estado. A relação das atividades, que variam de degustações a palestras e distribuição de informativos, pode ser encontrada na página eletrônica do evento no site do Ministério da Agricultura.
Além de hortaliças, frutas e verduras, é possível encontrar geléias, azeite, iogurtes, queijos, sucos, arroz e feijão orgânicos. De acordo com o Ministério da Agricultura, o Brasil é o maior produtor de açúcar orgânico do mundo.
Os alimentos orgânicos são cada vez mais procurados também como matéria-prima para a fabricação de cosméticos. Há diferentes serviços para os consumidores. Tem estados brasileiros que têm feiras exclusivas de produtos orgânicos. Em outros, há serviços de entrega em casa para quem não tem tempo de ir às compras.
No entanto, o consumo dos produtos orgânicos enfrenta entraves, como o preço maior que o dos demais alimentos. Outro problema, admitiu Dias, está na falta de um selo nacional que certifique a origem e as informações nos rótulos dos alimentos orgânicos. Isso porque o Brasil ainda não regulamentou a Lei de Certificação dos Orgânicos, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003.
“Os orgânicos envolvem desde produtos básicos primários, como grãos e frutas, a produtos processados como tecidos e cosméticos. Essa diversidade faz com que se entre em contato com várias outras legislações e por isso a dificuldade”, justificou o coordenador. Dias, no entanto, afirmou que a regulamentação está em fase final, mas não apresentou data.
Por causa da falta de regulamentação, não existem números exatos sobre a produção orgânica no Brasil. Segundo o Ministério da Agricultura, a estimativa é de que mais de 20 mil produtores trabalhem com agricultura orgânica em todo o país, dos quais 80% em propriedades familiares. (Agência Brasil)