A chegada na segunda-feira (05) de um grupo de empresários da Flórida, juntamente com o governador daquele Estado reforça o interesse americano no etanol brasileiro. Em reunião com os empresários, o coordenador de agronegócios da FGV e ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues disse que a Flórida tem interesse no combustível brasileiro, pois seria mais barato importar do Brasil do que trazer da região produtora americana. “A logística imprópria nos Estados Unidos, que produz o etanol no estado de Iowa, faria com que fosse mais barato levar de navio do que transportar o álcool internamente”, afirmou Rodrigues, em entrevista ao AE Broadcast ao Vivo.
Na avaliação do ex-ministro, o que atrapalha o avanço do projeto na Flórida é a tarifa de importação, imposta apenas ao etanol brasileiro, e a falta de uma logística portuária e de distribuição adequada. “A Flórida é um Estado que possui grande influência no Congresso americano e era governado até pouco tempo pelo irmão do presidente Bush o que nos deixa mais otimista para uma eventual retirada dessa tarifa”, afirma Rodrigues.
Apesar da importância e do peso na Flórida no Congresso, a cobrança da tarifa para importação de etanol do Brasil foi prorrogada em 2007 nos Estados Unidos por mais dois anos, ou seja, qualquer alteração só poderá ocorrer em 2009. “Essa tarifa de US$ 0,54 por galão inibe a competitividade brasileira e há uma inconformidade nessa relação comercial já que ela não é cobrada de nenhum outro país e existe um acordo entre Brasil e Estados Unidos para incentivar o comércio de combustíveis renováveis”, lembra o ex-ministro.
Sobre a demanda potencial da Flórida, Rodrigues disse o consumo de gasolina apenas no Estado americano é o mesmo que o brasileiro. “Se a mistura de etanol for de 20%, como no Brasil, precisaríamos de um outro Proálcool para atender apenas a demanda da Flórida”, disse Rodrigues. Ele lembrou, no entanto, que apesar de haver um interesse global por combustíveis renováveis, ainda não existe um mercado mundial de etanol. “Precisamos de mais países produzindo e que os países consumidores adotem uma legislação que obrigue a mistura na gasolina, além de tornar o combustível uma commodity”, afirma.
Questionado sobre quando esse mercado internacional estaria criado, o ex-ministro disse que é apenas uma questão de consolidação de projetos que já estão em andamento. “Não é possível fazer uma revolução desse tamanho da noite para o dia e nenhum país vai trocar a dependência dos membros da Opep no caso do petróleo pela dependência de Brasil e Estados Unidos para o etanol. Mesmo assim, acredito que nos próximos dois a três anos teremos essa consolidação”, disse Rodrigues. (Estadão Online)