Esse cenário está relatado em carta encaminhada à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no último dia 23 de janeiro. O documento é assinado por dez sindicalistas, dirigentes da Associação de Mulheres do Campo e da Cidade de Prainha, agricultores, colônias de pescadores e dois vereadores. “Nós denunciamos as madeireiras à ministra e ao secretário de Meio Ambiente do Pará, Walmir Ortega, mas até agora ninguém tomou providência”, dizem os sindicalistas Wadilson Oliveira Ferreira, Maria do Livramento Batista, Antonio Paz Gomes, Rosemiro Gomes do Nascimento e Delfem Manoel Oliveira Ferreira.
Segundo eles, nem a realização da consulta pública para a criação da Reserva Extrativista Renascer, que ocorreu no dia 13 de dezembro em Prainha, freou o ímpeto das madeireiras. Pelo contrário, só fez aguçá-lo. A devastação aumentou no começo do carnaval. Hoje, as empresas estão com seus pátios abarrotados de madeira na beira do Rio Uruará. Um pedido de socorro ao Ibama de Santarém para fiscalizar a devastação na área deu em nada, de acordo com as entidades. Entre os dias 16 e 17 de janeiro, um helicóptero do órgão foi visto sobrevoando a cidade de Prainha, mas depois desapareceu.
“Temos certeza de que nas áreas onde a floresta está no chão os fiscais não apareceram”, afirmam os sindicalistas. Eles dizem ainda haver omissão de fiscais que trabalham na região. “As ameaças de morte são constantes aos líderes comunitários. Se não bastasse, muitas dessas lideranças estão respondendo em juízo como se fossem elas as infratoras e devastadoras da Amazônia”, dizem.
O Ibama de Santarém informou que está agindo em Prainha, mapeando as áreas onde a floresta está sendo derrubada. As madeireiras, por sua vez, negam que estejam derrubando árvores dentro da reserva. E culpam os órgãos ambientais pela demora na liberação de seus planos de manejo, dizendo que isso está aumentando o desemprego na região. O secretário de Meio Ambiente não foi encontrado para tratar do assunto. (Estadão Online)