Segundo Dervis, enquanto as transferências de dinheiro público na forma de programas oficiais de desenvolvimento devem ser usadas na “adaptação”, ou na proteção contra catástrofes em potencial, o setor privado deveria ajudar nas soluções de longo prazo.
“Os custos compartilhados de mitigação precisarão passar pelos mecanismos de mercado e terão de envolver, com amplitude, o setor privado”, afirmou na quinta-feira à noite, depois de fazer uma palestra sobre as mudanças climáticas.
“Se não houver um esforço de mitigação, então o impacto (das mudanças climáticas) sobre os países em desenvolvimento daqui a 20 ou 30 anos será muito mais drástico e os esforços de adaptação, que incluem a construção de barragens contra enchentes, a troca de um tipo de safra agrícola por outra etc., vão se tornar demandantes demais e impossíveis de serem realizados.”
Países em desenvolvimento como a Índia e a China já tentam reduzir suas emissões de carbono, principalmente por meio do corte do consumo de energia, mas se recusam a adotar medidas mais amplas enquanto não receberem ajuda tecnológica e financeira da Europa, do Japão e dos EUA.
Dervis afirmou ainda que, apesar de o envolvimento do setor privado poder vir dos próprios países em desenvolvimento, seria necessário dar apoio por meio de mecanismos internacionais de financiamento.
“Temos de criar incentivos garantindo que, quando alguém apresenta uma tecnologia capaz de reduzir as emissões, essa pessoa terá lucro com isso”, disse, acrescentando que, ao fazer isso, os países ricos também sairiam lucrando.
“Se as empresas dos países ricos conseguirem obter reduções de emissão indiretamente, investindo nos países pobres, teremos uma solução por meio da qual essas empresas conseguirão continuar a produzir com lucros maiores dentro de seus países de origem e, também, garantirão a eficácia de esquemas de energia mais limpa.” (Estadão Online)