A fatia que se desprendeu mede cerca de 415 quilômetros quadrados e fazia parte da plataforma de gelo Wilkins, segundo imagens de satélite do Centro Nacional de Dados sobre a Neve e o Gelo da Universidade do Colorado.
A Wilkins consiste em uma imensa camada de gelo permanente formado sobre as águas da Antártida, com um total de 13 mil quilômetros quadrados. A plataforma fica localizada na península Antártida, a cerca de 1.600 quilômetros da América do Sul.
“Pedaço a pedaço, o gelo está caindo e espalhando-se pelo oceano”, afirmou Ted Scambos, chefe do Centro Nacional de Dados sobre a Neve e o Gelo, em entrevista concedida por telefone.
“A plataforma não está apenas rachando, de forma que um pedaço dela se afastaria, mas está pulverizando-se totalmente. Esse tipo de acontecimento não se vê com frequência. Mas desejamos compreender isso melhor porque é o tipo de coisa que poderia levar ao total desaparecimento da plataforma de gelo”, acrescentou.
Segundo Scambos, uma grande porção da Wilkins sustentava-se agora somente por uma pequena faixa de gelo. Esse último “esteio de gelo” poderia ruir e cerca de metade de toda a área da plataforma se perderia nos próximos anos, afirmou.
O cientista David Vaughan, da British Antarctic Survey, disse em um comunicado: “Essa plataforma está por um fio.”
“Um canto dela que se encontra exposto ao oceano está ruindo segundo um padrão que vimos ocorrer em alguns lugares nos últimos 10 a 15 anos. De toda forma, concluímos que isso resulta do aquecimento da Terra”, acrescentou Scambos.
Segundo o cientista, a plataforma Wilkins existe há ao menos algumas centenas de anos. No entanto, correntes de ar quente e a exposição às ondas do mar estão provocando seu esfacelamento.
Nos últimos 50 anos, a península Antártida registrou um processo de aquecimento que está entre os mais rápidos do planeta, afirmaram.
“O aquecimento que vem ocorrendo na península tem uma relação bastante clara com o aumento dos gases do efeito estufa e as mudanças que isso provocou na circulação das massas de ar na região da Antártida”, afirmou Scambos. (Estadão Online)