A equipe é integrada por técnicos do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), do Ministério da Ciência e Tecnologia, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), do Ministério da Agricultura, da Petrobras e das universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Federal do Norte Fluminense (UENF).
O engenheiro agrônomo José Carlos Polidoro, da área de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas da Embrapa Solos, disse que o trabalho de campo já foi realizado com sucesso. Acrescentou que foi aprovado o uso em fertilizantes desse composto mineral, ou arenito zeolítico, que tem muita areia e cerca de 50% de rocha zeolita, encontrada principalmente no sul do Maranhão.
A atual fase, desenvolvida em laboratório, visa a introduzir o mineral nos fertilizantes nitrogenados com padrão industrial, “para ver se a indústria vai absorver a tecnologia”, disse Polidoro. Segundo o engenheiro, quando esse composto mineral é aplicado no solo com os fertilizantes nitrogenados, em especial a uréia, que é um dos mais usados no Brasil e no mundo, ele aumenta a eficiência do produto.
Isso significa que “a planta absorve mais o nutriente que vem do fertilizante quando você mistura essa rocha moída ao fertilizante, do que quando ele é aplicado isoladamente”, explicou o agrônomo. No caso das rosas e outras culturas de flores de corte, e também de hortaliças, os pesquisadores notaram que são usados fertilizantes em excesso no país. “Isso dá problemas de todo tipo no aspecto ambiental. Mas o principal que nós, agrônomos, entendemos é que esse excesso de fertilizante causa prejuízos ao produtor, por conta do preço do fertilizante, e piora a qualidade das rosas”.
A mistura do arenito zeolítico com a uréia provou que pode ser aplicada menor dose de nitrogênio nas rosas, diminuindo o uso excessivo de fertilizante nitrogenado e melhorando a qualidade das flores. “Nós tivemos melhoria na quantidade de botões florais produzidos, bem como na qualidade deles”. José Carlos Polidoro explicou que as rosas são divididas em termos de qualidade em função do comprimento das hastes. Quando mais longa a haste, melhor é a qualidade dessa rosa e, em conseqüência, maior é o preço alcançado pelo produtor.
Os testes realizados no município de Nova Friburgo, região serrana do estado do Rio, revelaram aumento médio de 30% na produção de rosas de haste mais longa, de maior valor de mercado, “além da diminuição de incidência de doenças pela redução do uso excessivo de fertilizantes”, disse o agrônomo da Embrapa Solos. Foi observada também a melhoria da qualidade da água e evitou-se a poluição do solo com excesso de adubo.
A dose de fertilizante utilizada pelos produtores, “que era o dobro da que nós usamos”, não resultou em maior produção em volume, disse Polidoro. “Eles usavam 120 quilos de nitrogênio numa área de um hectare a cada adubação e fazem quatro adubações por ano. Essa quantidade de fertilizantes produziu rosas de pior qualidade do que a nossa aplicação, que foi de 60 quilos de nitrogênio por hectare a cada aplicação”, acrescentou.
Em termos ambientais, houve redução do impacto sobre o solo a partir do experimento feito com o composto mineral. Polidoro esclareceu que ao mesmo tempo em que a produtividade e a qualidade das rosas aumentaram em 30%, as perdas de gases vindos desse fertilizante, “principalmente aqueles que podem causar problemas de efeito estufa, como a amônia e o óxido nitroso, foram diminuídas também em torno de 30% quando se colocou esse arenito zeolítico misturado com a uréia”.
O composto mineral já está protegido por patente concedida no ano passado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Já a mistura de uréia com zeolita de forma industrial ainda não foi patenteada.
De acordo com José Carlos Polidoro, a idéia é que esse composto mineral contribua para baixar o custo dos produtores de rosas. Ele afirmou que o preço do fertilizante é muito elevado no Brasil e vem subindo nos últimos meses, tendo passado de 15% a 20% do custo da produção para cerca de 50% em várias culturas, inclusive flores. O aumento da eficiência agronômica do insumo, ou seja, do fertilizante, vai refletir em redução de custos, apontou.
O projeto deve ser concluído em 12 meses para a etapa primária (de laboratório). O engenheiro estima que os resultados finais poderão ser colocados à disposição da indústria, “e até da própria Petrobras, em breve”. Ele acredita que isso poderá ocorrer até 2010. A estatal é a maior produtora de uréia do país. (Fonte: Alana Gandra/ Agência Brasil)