A região montanhosa do Himalaia, que abriga geleiras, e a zona de permafrost (camada de gelo permanente), as maiores do mundo depois das regiões polares, experimentaram nos últimos anos um degelo progressivo e uma mudança espetacular no que diz respeito a precipitações, lamentaram.
“As geleiras do Himalaia desaparecem mais rápido do que no resto do mundo”, afirma Mats Eriksson, do programa de gestão da água do Centro Internacional do Desenvolvimento Integrado das Montanhas.
Apesar das grandes altitudes, da distância e da difícil cooperação entre os países da região complicarem os estudos do fenômeno, Eriksson acha evidente que “a região está sendo especialmente afetada pela mudança climática”.
“O retrocesso das geleiras é enorme, de até 70 metros ao ano”, precisou.
Xu Kinchu, que dirige o Centro para Estudos do Ecossistema Montanhoso na China, também assegurou que a mudança climática está devastando o Himalaia, enfatizando, por exemplo, que as temperaturas da montanha tibetana aumentaram 0,3 grau por década, “o dobro da média mundial”.
É difícil quantificar as repercussões nas reservas de água, mas o impacto é real na região em que as geleiras e a neve fornecem 50% da água que desce pelas montanhas e que alimenta nove dos maiores rios da Ásia.
O Himalaya, conhecido como o “Teto do Mundo”, se estende através da China, Índia, Nepal, Paquistão, Mianmar, Butão e Afeganistão. A cordilheira montanhosa representa uma fonte importante de água para uma das regiões mais povoadas do planeta, com cerca de 1,3 bilhão de pessoas segundo um censo oficial.
“A neve e o gelo se fundem proporcionando uma importante fonte de água fresca para a irrigação, energia e o consumo”, explica Xu.
As geleiras têm uma capacidade enorme para conservar a água. Desta maneira, se o nível de água aumenta à medida que o gelo se funde, a longo prazo, o desaparecimento das geleiras reduzirá a água disponível.
Paralelamente ao degelo, os cientistas observaram que em muitas zonas do Himalaia há mais chuva no período das monções e menos em épocas secas.
“As regiões mais secas ficam mais secas e as mais úmidas mais úmidas”, resume Rakhshan Roohi, cientista do Instituto de Pesquisas de Recursos Água do Paquistão.
Além disso, com as condições climáticas incertas para as colheitas, que provocaram a migração de pessoas em busca de meios de subsistência alternativos, os agricultores enfrentam cada vez mais desastres naturais como cheias de rios e transbordamento de lagos. (Fonte: Yahoo!)