Entidades exigem metas brasileiras para redução de gases do aquecimento global

Um manifesto de entidades da sociedade civil que será entregue nesta quarta (29) ao ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, cobra uma posição mais firme do Brasil na questão das mudanças climáticas, inclusive colocando o dedo na principal ferida do tema entre países em desenvolvimento: as metas obrigatórias para a redução de gases-estufa produzidos pelo homem. Segundo os autores do manifesto, o Plano Nacional de Mudanças Climáticas tem de incluir “posição firme e imediata em prol da fixação de metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, que devem ser quantificáveis, reportáveis e verificáveis.”

O documento foi articulado pelo Observatório do Clima e é assinado por ONGs como Instituto Socioambiental (ISA), Conservação International (CI), Greenpeace, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), SOS Mata Atlântica e The Nature Conservancy (TNC), entre outras.

Estabelecer metas obrigatórias para redução de emissões é uma medida que a diplomacia brasileira, e a de outros países em desenvolvimento industrializados, como China, Índia e África do Sul, resiste historicamente a aceitar. O argumento é que os países ricos queimam combustíveis fósseis há muito mais tempo e, por isso, têm responsabilidade acumulada maior com o aquecimento global. A negativa dos países em desenvolvimento é usada como argumento por nações como os EUA, que não aderiram ao Protocolo de Kyoto, o primeiro acordo internacional para redução de gases-estufa.

No documento que será entregue a Minc nesta quarta, as entidades criticam especificamente a “ausência de avanços sobre as principais fontes de emissões brasileiras, a mudança do uso do solo e desmatamento” – a maior parte dos gases-estufa emitidos pelo país vêm da destruição de florestas, mas há uma recusa em estabelecer metas obrigatórias de redução do desmatamento. As ONGs também cobram mais atenção para o controle dos desflorestamento em biomas não-amazônicos, como o cerrado.

Sobram críticas, ainda, aos planos envolvendo energias não-fósseis, com potencial para agravar menos o aquecimento global. As ONGs criticam os planos de expansão da energia nuclear e pedem “salvaguardas socioambientais” para a produção de biocombustíveis, a qual pode levar a mais desmatamento, por exemplo.
(Fonte: G1)