Apesar disso, o governo federal resolveu contribuir com o combate às chamas, que já devastaram, segundo a própria administração do parque, cerca de 75 mil hectares da área de proteção ambiental – praticamente metade do total, 152 mil hectares. Chegaram nesta quarta-feira (12) à região 30 bombeiros especializados em combate a incêndios florestais, vindos de Brasília, a pedido do Ministério da Integração Nacional – chefiado pelo baiano Geddel Vieira Lima.
Junto com o efetivo, foi enviada à área uma série de materiais de apoio ao combate ao fogo, como um avião de reconhecimento, abafadores e bombas individuais de água. Segundo a assessoria do ministério, os bombeiros vão avaliar se mais reforços são necessários.
Além deles, as cerca de 500 pessoas – 350 delas voluntários civis – que trabalham no combate às chamas têm o apoio de cinco aviões (entre eles um Hércules C-130 cedido pela Força Aérea Brasileira), três helicópteros, seis caminhonetes e quatro veículos projetados para combate ao fogo, cada um com capacidade para transportar 3,8 mil litros de água.
Na terça-feira (11) à noite foram registradas pancadas de chuva na área, mas insuficientes para debelar as chamas. Ao redor de Mucugê, um dos mais belos municípios da região, por exemplo, uma linha de mais de 20 quilômetros contínuos de incêndio podia ser visto hoje. Os trabalhos das brigadas de combate ao fogo se concentraram nessa região. Precipitações mais intensas devem ocorrer apenas no fim do mês, segundo o Centro Estadual de Meteorologia do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Cemba/Ingá), mas as pancadas localizadas devem ocorrer com freqüência a partir do fim de semana.
O número de municípios da região atingidos pelos incêndios subiu de 27, como aferido pelo Comando de Operações do Interior no domingo, para 31. Vinte deles tiveram situação de emergência decretada pelo governo estadual. Áreas de interesse turístico, como Cachoeira Encantada e Morro do Chapéu, foram seriamente afetadas.
“É provável que nunca mais recuperemos o que foi destruído pelo fogo este ano”, lamenta o gestor do parque, Cezar Gonçalves, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). “Temo que algumas espécies de aves, que estavam em período de reprodução, por exemplo, sejam seriamente afetadas. Há risco de extinção.” Na área, vivem cerca de 370 espécies de aves.
O secretário Matos, porém, não acredita nessa possibilidade. “Com certeza vamos recuperar tudo o que foi destruído”, garante. “Temos tecnologia e conhecimento suficientes para isso. O que vamos fazer é transformar a chapada em prioridade nos programas estaduais já desenvolvidos na área de reflorestamento, direcionando mais recursos à região.” (Fonte: Thiágo Décimo/ Estadão Online)