Eles disseram que os gases do efeito estufa, vilões do atual aquecimento, podem no futuro evitar que grande parte da América do Norte, da Europa e da Rússia virem uma imensa pedra de gelo.
A previsão se baseia no estudo de minúsculos fósseis marinhos e nas alterações da órbita terrestre, e não deve ser entendida como justificativa para não combater o aquecimento provocado por atividades humanas, especialmente a queima de combustíveis fósseis.
“Não há justificativa para dizer: ‘Vamos continuar injetando dióxido de carbono na atmosfera'”, disse por telefone à Reuters o cientista norte-americano Thomas Crowley, da Universidade de Edimburgo, um dos autores do estudo publicado na revista Nature.
Segundo ele, o resfriamento deve começar num prazo de 10 mil a 100 mil anos. “Geologicamente, é amanhã. Mas temos muito tempo para discutir sobre os níveis adequados de gases do efeito estufa.”
O eventual congelamento de enormes pedaços do Hemisfério Norte e de todo o mar em volta da Antártida também iria reduzir o nível dos mares, talvez em até 300 metros – deixando Rússia e Alasca ligados por terra, por exemplo.
ASCENSÃO E QUEDA
Na última Era Glacial, o nível do mar caiu cerca de 130 metros. Os cientistas podem presumir o nível do mar por causa da composição química dos fósseis, que varia junto com a química dos oceanos – num mar mais raso e com menos água, por exemplo, o sal é mais concentrado.
“Provavelmente, as futuras sociedades podem evitar esta transição indefinidamente com ajustes muito modestos no nível de CO2 atmosférico”, escreveram eles.
O efeito estufa retém o calor junto à Terra, uma tendência que nas próximas décadas deve levar a ondas de calor, secas e elevação dos mares. O CO2, emitido principalmente pela queima de combustíveis, é o principal dos gases que provocam o efeito estufa.
Os cientistas disseram que recentes oscilações dos últimos 900 mil anos entre Eras Glaciais e períodos mais aquecidos, como o atual, estão se tornando mais acentuadas. Modelos sugerem que a instabilidade pode prenunciar um novo estado, bem mais frio e estável.
Uma mudança semelhante aconteceu há mais de 34 milhões de anos, quando a Antártida se cobriu de gelo pela primeira vez, segundo os cientistas. Isso pode começar por causa de um ligeiro crescimento das camadas polares, pois o gelo e a neve refletem mais o calor solar na direção do espaço. Isso pode acelerar o resfriamento.
Os seres humanos, segundo Crowley, se desenvolveram há cerca de 150 mil anos, e portanto nunca experimentaram um ambiente tão frio quanto o prenunciado.
Ele alertou que as projeções ainda precisam ser mais testadas. (Fonte: Estadão Online)