A avaliação é do superintendente de conservação da organização não-governamental WWF Brasil, Carlos Alberto Scaramuzza. “Essa estabilização é um sinal amarelo, mostra que as medidas tomadas ao longo dos últimos anos demonstraram efetividade mas estão perdendo o fôlego”, avaliou, em entrevista à Agência Brasil.
Scaramuzza citou a restrição de crédito aos produtores com pendências ambientais e medidas de regularização fundiária como prováveis contribuições que evitaram aumentos maiores do desmate na Amazônia Legal. “Havia expectativa de que a taxa fosse muito maior”, lembrou.
“É necessário oxigenar as medidas de fiscalização e controle, tornando algumas delas mais estratégicas, garantir uma aplicação mais sistêmica, para que a gente volte a ter taxas de redução como nos anos anteriores”, defendeu o representante do WWF.
Na avaliação do Greenpeace, mesmo abaixo do previsto, o aumento da taxa de desmatamento representa retrocessos do controle das derrubadas. “Mesmo sendo baixo é ruim porque inverte uma tendência de queda, que vinha sendo verificada há três anos”, apontou o coordenador da campanha Amazônia da ONG, Paulo Adário.
“A gente já estava prevendo, estávamos avisando o governo há muito tempo: apesar dos dados numéricos de queda mensal, o resultado final ia ser alto”, acrescentou.
A retomada de preços das commodities – que aumentam a pressão por novas áreas agrícolas – e falhas na implementação do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal são apontadas por Adário como causas para o crescimento da taxa anual de devastação. “Dois fatores contribuíram para esse pequeno aumento: mercado e falta de ação política”, resumiu.
Os dois analistas defendem a adoção de medidas concretas para chegar ao desmatamento zero. (Fonte: Luana Lourenço/ Agência Brasil)