Mesmo com a ausência da nova equipe de Barack Obama, presidente eleito dos EUA que já se mostrou mais disposto a negociar o tema do que o atual governo Bush, Poznan deve ativar a negociação do futuro acordo, no momento em que as emissões mundiais de gases estufa nunca foram tão altas.
As dos países em desenvolvimento já totalizam mais da metade das emissões mundiais, e a China se tornou o primeiro poluente mundial.
No ano passado, em Bali, os Estados-membros da Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (UNFCCC, sigla em inglês) prometeram amarrar o novo acordo até dezembro de 2009 – tempo necessário para uma eventual ratificação -, ainda que a data pareça, na realidade, difícil de cumprir.
Desde a entrada em vigor de Kyoto em 2005, a negociação climática acontece em dois níveis: a UNFCCC (192 países) e o Protocolo de Kyoto. Até agora, apenas os 37 países industrializados signatários de Kyoto estão sujeitos a metas de redução de suas emissões poluentes até 2012, o que levou os EUA a rejeitarem o tratado.
O novo acordo deverá, então, decidir sobre uma sobrevida de Kyoto, modificado e ampliado aos países emergentes, ou sobre a adoção de um “Protocolo de Copenhague”, que englobe todo o mundo e permita, sobretudo aos EUA, sair do zero.
Entre os grandes encontros em Poznan, que contará, assim como em 2007, com a presença do secretário-geral da ONU, Ban-Ki-Moon, e do Prêmio Nobel da Paz e ex-vice-presidente americano Al Gore, uma mesa-redonda dos ministros do Meio Ambiente, nos dias 11 e 12 de dezembro, permitirá uma troca de opiniões sobre uma “visão compartilhada” de longo prazo da luta contra a mudança climática.
Essa visão, que tem como perspectiva o ano de 2050, deverá refletir as ambições de cada um na redução de suas emissões poluentes e na preservação do clima.
Segundo os cientistas, as emissões dos países industrializados deveriam parar de crescer a partir de 2015 e, então, cair drasticamente até 2050, mas os grandes países emergentes, como China e Índia, também estão sendo convocados para controlar a inflação de sua poluição.
“Os países em desenvolvimento vão, sem dúvida, insistir em que estamos prontos para relaxar”, observou o representante de um país industrializado. “Mas nós vamos mostrar que eles poluem agora tanto quanto nós”.
Em Poznan, o secretário-executivo da UNFCCC, Yvo de Boer, não espera o anúncio em números da redução de um ou outro país, mas deseja “uma abertura”.
“Espero que a mesa-redonda nos dê uma linha de ação política mais clara”, declarou à AFP.
“É claro para todos que isso não pode continuar assim”, comentou um diplomata ocidental. “Até aqui, multiplicamos as opções sobre a mesa. A próxima etapa será limitá-las, caso contrário, chegaremos com 1.000 páginas a Copenhague e não teremos um acordo”.
(Fonte: Yahoo!)