Boni Biagini, diretora do Fundo dos Países Menos Desenvolvidos (FPMD), criado em 2001 pela ONU, disse que as verbas seriam liberadas com base nos planos de 38 países paupérrimos.
“Eles estão bastante satisfeitos com essa quantia. Dizem que 2 bilhões de dólares seria melhor, mas vamos começar com 1 bilhão pelo menos, e naturalmente ampliar”, disse ela à Reuters em Poznan, Polônia, onde acontece uma reunião da ONU sobre a mudança climática.
Outros dez países ainda preparam programas de adaptação às mudanças climáticas.
O FPMD foi estabelecido sob os termos da Convenção-Quadro da ONU sobre a Mudança Climática, e é administrado pela Unidade Ambiental Global, que já financia importantes projetos ambientais internacionais.
Até agora, os países ricos prometeram apenas 172 milhões de dólares para o fundo. Alemanha, Dinamarca, Grã-Bretanha e Holanda foram os que mais contribuíram. Os EUA ainda não se mobilizaram, mas Biagini disse estar confiante de que isso mude com a posse do presidente Barack Obama, em janeiro.
“É a maior economia no mundo, e este é um fundo para os pobres (…). Então faço meu apelo aos Estados Unidos da América para que dêem uma contribuição aos pobres”, afirmou.
De acordo com Biagini, os EUA no passado se negaram a colaborar argumentando incorretamente que o fundo seria parte do Protocolo de Kyoto, que Washington não ratificou.
Saleemul Huq, especialista em adaptação climática do Instituto Internacional para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, disse que os EUA poderiam fazer doações porque o fundo é parte da Convenção-Quadro da ONU, da qual Washington faz parte.
“Obama tem uma oportunidade de ouro para se afastar do passado absolutamente sem-vergonha do (governo de George W.) Bush, fazendo uma grande contribuição, de talvez 100 milhões de dólares ou mais”, afirmou ele.
Muitos países pobres se queixam da demora no acesso às verbas do fundo. Até agora, só um projeto foi iniciado, no Butão, voltado para a contenção de lagos glaciais que podem transbordar em caso de degelo excessivo.
Quamrul Islam Chowdhury, negociador de Bangladesh, disse à Reuters que há um consenso em Poznan sobre a necessidade de uma maior coordenação para acelerar o processo.
Biagini disse que há 24 projetos prestes a serem implementados, inclusive as medidas para proteger as áreas costeiras da elevação dos mares e para ajudar agricultores a se ajustarem à imprevisibilidade do tempo. (Fonte: Estadão Online)