Conforme o mundo esquenta, cada vez menos países são aptos a sediar as Olimpíadas de Inverno e os riscos aos atletas que participam da competição ficam cada vez maiores. É isso que aponta o relatório Slippery Slopes: How Climate Change is threatening the 2022 Winter Olympics. O documento é elaborado pela Sport Ecology Group da Universidade de Loughborough e pela organização não governamental Protect Our Winters.
O relatório usa a Olimpíada de Beijing para ilustrar a dimensão do problema. Cerca de 400 máquinas que produzem neve artificialmente estão sendo utilizadas na construção da infraestrutura dos jogos, programados para começar em 4 de fevereiro. Esta será a primeira Olimpíada de Inverno com neve 100% artificial.
O problema, no entanto, não se restringe à China. “Beijing 2022 não é o único a enfrentar problemas com a falta de neve: esse é um problema recorrente nas áreas montanhosas de todo o mundo”, explica em nota uma das autoras do estudo, Maddy Orr.
Segundo os pesquisadores, dos 21 locais que são sede dos Jogos de Inverno desde 1924, apenas 10 terão precipitação de neve suficiente e condições climáticas adequadas até 2050. Noruega, França e Áustria agora são consideradas de “alto risco” para a realização do evento e o Canadá e os Estados Unidos vistos como “não confiáveis”.
Existe ainda uma outra ameaça além da completa inviabilização das Olimpíadas de Inverno. A adequação artificial para os Jogos, como tem ocorrido na China, oferece sérios riscos para os atletas. O relatório da Universidade de Loughborough ouviu diversos esquiadores, snowboarders e bobsledders que relataram a imprevisibilidade da neve artificial.
“Se super tubos de estilo livre são formados por máquinas de fazer neve em uma estação pobre [de neve natural], as paredes do tubo são gelo sólido, vertical, e o piso do tubo também é gelo sólido. Isso é perigoso para os atletas, alguns já morreram”, relatou a esquiadora escocesa de estilo livre Laura Donaldson.
Lesley McKenna, três vezes campeã olímpica de snowboard, afirmou que assiste em tempo real as mudanças nas geleiras durante as últimas três décadas e classificou a situação como “extremamente preocupante em muitos níveis”.
Fonte: Galileu