Aumento do metano no Ártico pode agravar efeito estufa

Uma elevação na concentração de um potente gás causador do efeito estufa sobre o Ártico, depois de décadas de estabilidade, está causando preocupação quanto ao possível degelo de um vasto reservatório de permafrost, como é chamado o solo congelado.

Os níveis de metano na atmosfera aumentaram 0,6% em 2008, de acordo com dados preliminares da Estação Zeppelin, baseada numa ilha remota do ártico norueguês, após um ganho similar de 0,6% em 2007, dizem autoridades norueguesas.

A elevação de 2007 superou o aumento global de metano de 0,34%, num novo recorde após uma estabilidade de uma década. Dados globais para 2008 ainda não estão disponíveis.

“A maior preocupação é que haja emissões do permafrost, e também das terras úmidas da região norte”, disse a cientista Catherine Lund Myhre, do instituto Norueguês de Pesquisas Aéreas.

Um degelo do permafrost, como o da Sibéria ou do Canadá, poderia liberar grandes quantidades de gases do efeito estufa aprisionadas no solo e agravar o aquecimento global.

O metano é o segundo mais importante gás do aquecimento global, atrás do dióxido de carbono, e responde por cerca de 18% do efeito de aprisionamento do calor do Sol na atmosfera terrestre causado por atividades humanas.

O metano é emitido de fontes naturais – como plantas podres em pântanos – e pelo uso de combustíveis fósseis, do plantio de arroz em banhados, de aterros e do aparelho digestivo de animais como vacas e ovelhas.

Paul Fraser, um importante cientista da Organização de Pesquisa Científica da Comunidade Australiana, disse que terras úmidas, tanto nos trópicos quanto no norte, parecem ser uma fonte provável de metano extra, após um período de seca.

Estudos indicam que 2007 e 2008 foram os anos mais úmidos nos trópicos em um quarto de século – o que pode ter impulsionado emissões de terras úmidas. Altas temperaturas no verão de 2007, nas regiões setentrionais, também levou a uma emissão das áreas úmidas, disse ele.

Mas ele não acredita em emissões de fontes mais profundas, como o permafrost e depósitos congelados no fundo do mar, os clatratos. “Ninguém acredita que permafrost ou outras fontes profundas estejam envolvidas em mudanças de curto prazo”, disse ele. (Fonte: Estadão Online)