Quase um terço de todo o gás inexplorado está no Ártico

Praticamente um terço de todo o gás natural ainda a ser descoberto no mundo está ao norte do Círculo Ártico, e a maior parte dele encontra-se em território russo, de acordo com análise encabeçada por cientistas do US Geological Survey.

“Essas descobertas sugerem que, no futuro, a… proeminência do controle estratégico russo dos recursos de gás, em particular, provavelmente vai se acentuar e expandir”, disse o principal autor da análise, publicada na edição desta sexta-feira (29) da revista Science, Donald L. Gautier. A Rússia já é o maior produtor mundial de gás natural, destaca Gautier.

O relatório, de autoria de uma equipe internacional, estima que o Ártico contém de 3% a 4% das reservas de petróleo ainda não descobertas do mundo.

Dois terços de todo o gás não descoberto concentra-se em apenas quatro áreas – Mar de Kara do Sul, Bacia de Barents do Norte, Bacia de Barents do Sul e a Plataforma do Alasca, diz o relatório.

De fato, o mar de Kara do Sul, ao largo da Sibéria, contém 39% do gás ainda por descobrir no Ártico, afirma o texto.

A Rússia tem sido ativa na reivindicação de soberania sobre partes do Ártico. Ela apresentou o pedido à ONU em 2001, mas viu-o ser rejeitado por falta de evidências. Estados Unidos, Canadá, Dinamarca e Noruega também buscam afirmar jurisdição sobre partes do Ártico.

Agora, a Rússia busca demonstrar que uma cadeia de montanhas submarina que cruza a região polar é parte de sua plataforma continental. Em 2007, dois minissubmarinos russos desceram ao leito oceânico para coletar amostras e deixou um marco de titânio, com a bandeira russa.

As reservas petrolíferas do Ártico são muito menores que as de gás natural e é improvável que levem a uma mudança no equilíbrio mundial do petróleo, disse Gautier, em áudio fornecido pela Science.

Mas elas poderiam ser localmente importantes, se exploradas por países individuais, disse ele, citando os EUA e a Groenlândia, que é controlada pela Dinamarca.

No entanto, acrescentou Gautier, o estudo debruçou-se apenas sobre a conformação geológica e a probabilidade de haver fontes de energia presentes.

“Se esses recursos forem encontrados, eles não serão encontrados todos de uma só vez. Eles seriam encontrados em incrementos, e seriam produzidos em incrementos”, disse ele, pedindo cautela com a pressuposição de que as reservas possam se somar de forma significativa à produção mundial. (Fonte: Estadão Online)