O governo trabalha para desenvolver o cultivo de peixes e de outros frutos do mar com o objetivo de dar à atividade pesqueira um desenvolvimento sustentável, que transforme o Brasil no país do pescado. Ao comentar o assunto, o ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, acentua que o Brasil captura 1 milhão de toneladas de peixes, mas pode chegar a até 20 milhões, por causa da extensão de sua costa e de ter em seu território a maior reserva de água doce do planeta.
Poucos países têm esse mesmo potencial, disse Gregolin, em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), na última sexta-feira (16).
O ministério trabalha também para desenvolver a pesca em águas profundas, principalmente de espécies nobres, como o atum e o camarão, planejando aumentar a pesca em áreas de regiões onde há grande potencialidade como na Amazônia, no Sul e Sudeste. O país tem condições de aumentar muito o cultivo também em bacias, açudes e em represas.
O Plano Mais Pesca e Aquicultura vai investir até 2011 cerca de R$ 2 bilhões, segundo o ministro. A nova lei da pesca e a participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) nos trabalhos do ministério, no desenvolvimento e na fiscalização da atividade pesqueira foram destacadas pelo entrevistado como de grande importância para os planos do setor.
O ministério realiza programa de modernização da frota artesanal, que visa a dar melhores condições de trabalho para os pescadores artesanais que podem assim substituir seu barco velho por unidades modernas, com equipamentos de segurança e recursos para ser mais eficientes na captura. Dez mil embarcações vão ser alvo de crédito especial, que pode chegar a até R$ 100 mil para cada pescador, com dez anos para pagar e três de carência, a juros de 2% ao ano. Está também sendo construída parte de frota nacional com mais de 60 embarcações, algumas das quais já pescam inclusive em águas internacionais.
Hoje, o Brasil já disputa a pesca no Atlântico Sul com a Espanha e o Japão e isso é uma marca importante, inédita, de acordo com Gregolin. O desenvolvimento do setor , segundo ele, permitirá que o brasileiro aumente o consumo de peixes, mais saudável que a carne vermelha. Atualmente, a média no Brasil é de 7 quilos ao ano por habitante, enquanto a média mundial é de 17 quilos por pessoa e o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 12 quilos.
Mas, o consumo de peixes no Brasil está aumentando, segundo Gregolin, pois está faltando pescado no mercado. No ano passado, mais de 200 mil toneladas de peixes foram importadas. Hoje, 16% do que é consumido está sendo importado.
Um dos planos do governo é priorizar o cultivo de peixes na Amazônia, em detrimento da criação de gado, pois o custo do pescado é menor e envolve a própria vocação geográfica da região. Isso vai ser feito com o apoio da unidade da Embrapa criada para apoiar o Ministério da Aquicultura e Pesca e que entrará em funcionamento até o final do ano. A empresa vai contratar 50 pesquisadores que vão ser incorporados ao seu quadro, reforçando os trabalhos de pesquisa que já vem desenvolvendo nessa área.
A Embrapa vai investir R$ 4 milhões e o ministério outros R$ 4 milhões, totalizando R$ 8 milhões, para alavancar o setor, segundo Gregolin.A Região Amazônica é propícia, entre outras espécies, para a criação do pirarucu, que pode chegar a 10 quilos em um ano, não se conhecendo nenhuma espécie com essa possibilidade a nível mundial. Ao mesmo tempo, destaca o ministro, cultivar peixe na Amazônia, em vez de gado, ajuda a preservar a floresta. A Noruega está investimento mais de US$ 1 bilhão na região, para o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia. “Eles dizem que produzem 2,5 milhões de toneladas de bacalhau por causa da Amazônia, cujos rios enviam nutrientes pelo mar favorecendo o cultivo do bacalhau pela Noruega”.
A pesca do atum tem potencial enorme em Porto de Galinhas, em Santa Catarina e na Amazônia, destaca Gregolin, dizendo que o objetivo do ministério é apoiar com mais ênfase as áreas que podem render mais.
Para o ministro, o Brasil ainda não é campeão mundial de pescado, porque o Estado não estava investindo nessa direção. O censo que está sendo realizando no setor produtivo, e que será conhecido em dezembro, será muito importante para traçar novas políticas. O número de pescadores, por sua vez passou a ser conhecido a partir de trabalho de recadastramento iniciado desde 2006, constatando-se que hoje estão em atividade mais de 130 mil pescadores no país. Eles recebem um salário mínimo na época da piracema, quando é proibido pescar sendo investidos no período pelo governo até R$ 100 milhões.
O estado de Santa Catarina é atualmente o maior produtor de pescados no país, seguido do estado do Pará. No estado do Ceará, que realiza pescaria em alto mar, está sendo prestado apoio importante na área da fiscalização, pois há pesca predatória com muitos conflitos dada a concorrência clandestina internacional. Para tanto, está sendo encaminhada lancha especial de alta tecnologia que vai fazer frente ao trabalho de proteção dos pescadores brasileiros. Ela detecta a presença de barcos a até 60 quilômetros de distância e desenvolve velocidade de até 70 quilômetros por hora.
Gregolin alerta que é preciso que os pescadores também cumpram as regras e somem força com o governo para melhorar o resultado do seu trabalho. Ele completou destacando que, na área do Rio São Francisco, os projetos de revitalização e de apoio às comunidades ribeirinhas são também de grande importância para a atividade pesqueira nacional, dado o potencial que pode resultar da exploração do rio.
(Fonte: Agência Brasil)