A ação forçou o cancelamento de diversas reuniões técnicas durante a semana de discussões. Delegados advertiram que, a menos que o protesto africano seja resolvido, haverá atrasos no cronograma para o novo acordo das Nações Unidas sobre a mudança climática, que deve ser firmado na Dinamarca no início de dezembro.
Cerca de 50 nações africanas afirmam que só discutirão promessas feitas por países ricos, e que as conversações sobre outros temas, incluindo compensações por emissão de carbono e a colaboração dos países pobres, só deve avançar depois de um compromisso definido das nações industrializadas.
“Não acho que conseguiremos resultados do jeito que estamos indo agora”, disse o negociador argelino Kamel Djemouai, que preside o grupo africano. “Não podemos prejulgar o que acontecerá depois antes de vermos a reação dos demais”.
Esta é a primeira vez em que os africanos adotam uma ação coordenada nas conversações das Nações Unidas sobre clima, mas eles vêm ajustando sua posição ao longo do último ano, para garantir uma posição de unidade na escalada para a reunião de Copenhague, disse Antonio Hill, da Oxfam Internacional.
O boicote africano inviabilizou apenas parte das negociações em curso, que operam em duas fases paralelas. As conversações sobre a forma geral de um acordo para o financiamento dos países pobres continuaram sem interrupção.
Um grupo maior, de 130 nações em desenvolvimento, apoiou a ação da ala africana, com o objetivo de “focar o pensamento” dos países desenvolvidos na questão mais importante, disse o representante sudanês Lumumba De-Aping. Ele lembrou que boicotes são uma tática comum de negociação, e não representam, necessariamente, o fracasso do debate. (Fonte: Estadão Online)