“Perdemos mais uma oportunidade de mostrar liderança no combate às mudanças climáticas”, disse o diretor de Conservação da ONG WWF-Brasil, Carlos Scaramuzza.
Para Gaines Campbell, da organização Vitae Civilis, a ministra Dilma Rousseff saiu enfraquecida da reunião, já que não conseguiu impor sua posição, contrária a uma meta de redução do crescimento de emissões – como defende o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
“Se era para (a Dilma) bater o martelo, isso não aconteceu”, disse Campbell. A frustração, segundo ele, também foi sentida nas delegações de outros países em Barcelona, que esperavam conhecer ontem a posição brasileira para Copenhague. “A bola murchou completamente.”
“O Brasil está dando um péssimo exemplo”, disse o representante do Greenpeace para a Amazônia, Paulo Adário. “Enquanto os africanos estão botando o pé na porta, o Brasil continua fazendo jogo de cena”, completou, referindo-se ao ultimato dado pelo Grupo dos Países Africanos ontem em Barcelona.
Eles abandonaram as negociações sobre Copenhague e disseram que só voltariam para a mesa depois que os países desenvolvidos apresentassem suas metas de redução de emissões. Os números ainda não apareceram, mas ao menos chegou-se um acordo de que 60% do tempo restante das negociações será dedicado exclusivamente a esse tema.
“Estamos num jogo de pôquer em que ninguém quer mostrar suas cartas”, disse Scaramuzza. “Só que o jogo está acabando, e se as cartas não aparecerem todo mundo vai perder. Falta um pouco de ousadia (da delegação brasileira).”
“Fica um esperando o outro fazer alguma coisa e ninguém faz nada”, completou Adário. “Não é hora de ficar jogando pôquer, estamos no meio de uma emergência.” (Fonte: Herton Escobar/ Estadão Online)