As afirmações foram feitas em entrevista coletiva na Assembleia Legislativa de São Paulo, no início da convenção nacional do PV para escolher a executiva do partido.
Marina afirmou que os líderes que participaram da reunião saíram “à francesa”. “Nunca vi uma situação tão desamparadora. Os homens mais importantes do planeta saindo dali e nos deixando com a sensação de total desamparo e impotência. A sensação que dava era de que estavam ali como convidados para uma reunião da qual eram anfitriões e infelizmente não se portaram assim.”
Apesar de criticar a atuação brasileira, ela contemporizou, afirmando que o Brasil fez a diferença na reunião. “As negociações estavam tão travadas que é como diz aquele ditado, em terra de cego quem tem um olho é rei”.
Para a senadora, o Brasil deveria ter se comprometido com o aporte de recursos independente do valor. Segundo ela, tratava-se de um gesto simbólico. “O certo era o Brasil, além de se comprometer com as metas de reduções, ter dito que se comprometeria com o aporte de recursos para o fundo, criando um constrangimento ético para os países desenvolvidos. Porque se um país em desenvolvimento pode contribuir, é claro que eles [países desenvolvidos] podem contribuir muito mais”.
Marina Silva disse em Copenhague que “o Brasil, que já emprestou recursos ao FMI, pode entrar com US$ 1 bilhão. Pode ser mais, eu não vou ficar triste com isso”. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou que uma contribuição de US$ 1 bilhão do Brasil para um fundo internacional climático “não faz nem ‘cosquinha”, rebatendo a proposta da senadora.
Após a proposta de Marina Silva, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB) também defendeu que o Brasil entre com recursos. “O Brasil devia contribuir, porque se o Brasil se dispõe a fazer, e é um país em desenvolvimento, sem dúvida nenhuma vai ampliar a pressão política sobre os países desenvolvidos, que são os que fizeram a grande poluição do mundo. São os principais responsáveis pelo efeito estufa. Vai ser uma pressão a eles, para que compareçam com recursos substanciais”, disse Serra.
“US$ 1 bilhão não faz nem ‘cosquinha’. Os valores estão em torno de US$120 bilhões, US$ 150 bilhões. Tem valores de US$ 500 bilhões (sobre a mesa de negociações)” , afirmou Dilma.
Candidatura – A senadora foi recebida na convenção ao coro de “Marina presidente”. Aos jornalistas ela afirmou que após passar pela “fase dolorosa” de sair do PT e pela “fase prazerosa” de ingressar no PV, agora vive uma “fase laboriosa” de construção de sua candidatura à Presidência da República em 2010.
Questionada, ela disse que a decisão do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), de desistir de disputar a presidência era esperada. Ela afirmou, no entanto, que a desistência gera uma certa “repercussão” nas outras candidaturas, mas que isso não será, segundo ela, determinante na disputa. Em tom de campanha, ela afirmou que o cenário político atual é favorável “para preservar conquistas e avançar nas mudanças”.
“O presidente Fernando Henrique acumulou conquistas, o presidente Lula ampliou essas conquistas, mas o maior desafio infelizmente nenhuma das duas candidaturas nem os outros partidos estão preparados (para atingir), que é fazer a transição para a economia do século XXI”. (Fonte: G1)