Índio usa internet para se comunicar com tribos, mas teme “modismos dos brancos”

Um grupo formado por dez índios de várias partes do Brasil participa da Campus Party (evento de tecnologia que acontece nesta semana em São Paulo) para divulgar o portal indiosonline.org.br e mostrar os vídeos em “celularmetragem” – reportagens, documentários e histórias de ficção gravadas no aparelho móvel.

Alex Pancararu, da tribo de mesmo nome no Pernambuco, diz que os índios sempre lidaram com tecnologia – a deles – só que agora estão despertando para a digital. O que trouxe alguns malefícios.

“O principal deles, trazido tanto pela TV quanto pela internet são os modismos dos brancos, que acabam atrapalhando um pouco nosso trabalho. Nosso desafio é usar a tecnologia para o bem de nossa cultura.”

Feita no WordPress, em 2008 a rede começou a fazer um registro da história, da cultura e das dificuldades das comunidades indígenas que fazem parte dela. Ela é abastecida diariamente por 120 índios de várias partes do Brasil, mas existem outros mil colaboradores que enviam artigos e vídeos de vez em quando.

O portal é coordenado por oito índios espalhados pelo país. Todo mundo pode postar.

Em alguns casos o pajé Atiã Pancararu, que nunca usou a internet mas é uma espécie de conselheiro cultural do portal, pode vetar, explica Alex.

“Ele diz o que pode e o que não pode ser postado, se o assunto só interessar aos povos indígenas, não entra.”

O portal também foi criado para acabar ou pelo menos diminuir “o estereótipo do índio como alguém submisso, um herói da mitologia ou invasor de terras”, como explica o folheto distribuído na Campus Party.

Pancararu diz que os índios online hoje ajudam a fortalecer a cultura indígena entre as tribos brasileiras e estrangeiras de culturas e costumes diferentes, que estão aprendendo a se reconhecer.

O jovem índio Bruno Poty, da Paraíba, que é redator do portal, diz que difícil mesmo foi dormir no duro chão de cimento do acampamento. “Eu durmo em cama lá na aldeia.” (Fonte: Portal R7)