Depois que os tremores foram esclarecidos, uma dúvida ficou no ar: por que algumas regiões da capital sentiram tremores e outras não? Na Avenida Paulista, funcionários da TV Globo que trabalham em andares altos, mas em prédios distintos, sentiram de forma diferente o terremoto.
Em um dos edifícios, o balanço foi tão evidente que foi possível filmar com celular luminárias chacoalhando. No outro prédio, o funcionário que trabalhava de madrugada nem percebeu que a cidade tremia.
Composição do solo – Para o sismólogo João Willy Corrêa Rosa, pesquisador da UnB (Universidade de Brasília), um dos fatores mais importantes para sentir os efeitos do abalo sísmico é a composição do solo. Se o prédio estiver sobre uma rocha dura, tende a tremer menos do que sobre um terreno arenoso ou argiloso.
“A lâmina de solo pode servir como uma lente, que amplifica o movimento do terremoto”, explica o cientista. Segundo a Agência Federal de Gerenciamento de Emergência dos EUA, uma camada de solo “macia” pode amplificar de uma vez e meia a seis vezes os tremores.
Arranha-céu – A altura do edifício também é fundamental para definir o quanto o prédio vai chacoalhar. “Quanto mais alto, maior a sensação”, conta Rosa. Ele explica que o prédio funciona como um pêndulo: quando mais comprido, mais a ponta vai balançar.
Apesar de fundamentais, esses dois fatores não bastam para determinar como as pessoas de um edifício vão sentir a tremedeira. O material usado na construção do prédio e a estrutura planejada para sua montagem são essenciais. Edifícios rígidos, de concreto, vibram de forma diferente de prédios com estrutura de aço, mais flexíveis. Assim, prédios da mesma altura, um ao lado do outro, podem responder de forma diferente a um terremoto.
Sem preocupação – No Brasil, ainda que ocorram pequenos tremores ou que se sinta o efeito de terremotos em outros países, o risco de uma construção desabar por causa de um abalo sísmico é muito pequeno, já que o país está longe das junções das placas tectônicas.
O sismólogo Jesus Berrocal Gómez, especializado em avaliar riscos de terremotos em grandes construções, afirma que nos empreendimentos brasileiros praticamente não é necessário prever estruturas para suportar tremores. “Não temos sismos grandes aqui no Brasil. Somente obras grandes, como usinas hidrelétricas, precisam fazer esse tipo de estudo”, diz. (Fonte: G1)