Engenheiros da British Petroleum (BP) estão procurando outra solução para conter o vazamento de óleo no Golfo do México depois que a tentativa de utilizar uma enorme cúpula de metal falhou, acabando com as esperanças de uma solução rápida, porém temporária, para o desastre ambiental.
A companhia foi forçada a mover a cúpula de confinamento para o lado, depois que o acúmulo de gás cristalizado obrigou a interrupção do procedimento. A opção de cobrir o vazamento com a estrutura de metal, tinha sido apontada como a melhor opção, de curto prazo, para conter o vazamento.
A BP espera ter uma nova sugestão nos próximos dois dias, disse Doug Suttles, chefe de operações. “Eu ainda não diria que a tentativa falhou. O que eu diria é que o que tentamos fazer ontem à noite não funcionou porque os hidratos gasosos entupiram a parte de cima da cúpula”, disse Suttles.
“O que estamos fazendo agora, e acho que faremos pelas próximas 48 horas, mais ou menos, é perguntar: ‘Será que existe um jeito de superar esse problema?’.”
O problema são os gases, principalmente o metano que estaria impedindo que o óleo seja sugado para fora do topo da caixa metálica. Enquanto a BP tenta resolver o problema, o óleo continua a vazar, sem controle, para o mar do Golfo do México, no que pode vir a ser o pior vazamento de petróleo dos EUA.
A companhia, que está sendo pressionada pela administração do presidente norte-americano, Barack Obama, a reduzir o estrago ao Golfo e ao litoral de quatro Estados dos EUA, esperava ter que lidar com os hidratos, mas não esperava o volume de gás encontrado depois de baixar a cúpula à uma profundidade de 1,6 quilômetro, no solo marinho.
Outras soluções possíveis podem incluir esquentar a área ou adicionar metanol, para quebrar os hidratos de gases, disse Suttles.
Os representantes da BP já tinham alertado que não havia garantias que a tecnologia funcionasse numa profundidade tão grande. O plano original envolvia prender uma tubulação na cúpula de 98 toneladas para que o óleo de dentro da caixa fosse bombeado para um navio tanque, na tentativa de capturar em torno de 85 por cento do óleo que está vazando.
Estima-se que o óleo está fluindo no Golfo numa proporção de, no mínimo, 5 mil barris (795 mil litros) por dia, desde o acidente no mês passado.
De acordo com as transcrições das entrevistas obtidas por Robert Bea, professor de engenharia da Universidade da Califórnia, uma bolha gigante de metano teria corrido pelo tubo de perfuração e encheu o ar acima da plataforma de perfuração de gás inflamável. Em seguida uma enxurrada escaldante de óleo bruto se espalhou pela plataforma e pegou fogo.
O vazamento ameaça se tornar um desastre econômico e ecológico, ao atingir praias, refúgios naturais e a pesca da Louisiana, Mississipi, Alabama e Flórida. O vazamento obrigou Obama a repensar seus planos de expansão de perfuração marinha.
O principal contato do vazamento com a costa até agora, foi nas Ilhas Chandeleur, perto da Louisiana, em sua maior parte, uma reserva de vida selvagem.
Suttles disse que a BP pode tentar tampar a válvula de prevenção de erupção defeituosa no poço ou ainda anexar uma nova válvula acima dele.
Outra opção é a perfuração de um poço auxiliar para parar o vazamento, o que começou a ser feito depois da explosão da plataforma Deepwater Horizon, em 20 de abril. O acidente matou 11 pessoas e os esforços de perfuração de um novo poço podem levar três meses.
Na explosão inicial, uma nuvem de gás natural cobriu o poço e explodiu enquanto funcionários da BP estavam presentes para comemorar os sete anos sem acidentes no poço, de acordo com relatos de sobreviventes da explosão.
Em torno de 270 barcos distribuíram redes de proteção e usaram dispersantes para conter e diluir o óleo no sábado. Equipes já posicionaram 270 mil metros de barreiras de contenção e espalharam 1,1 milhão de litros de dispersantes químicos na área.
As águas agitadas do Golfo impediram que as equipes fizessem uma queima controlada do óleo no sábado, mas a BP estima que, pelo menos 10 mil a 13 mil barris tenham sido queimados usando essa técnica, segundo reportagem do New Orleans Times-Picayune. (Fonte: G1)