Cerca de 148 mil objetos encontrados por arqueólogos às margens do rio Paraná, entre os Estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, revelam que grupos de caçadores-coletores pré-históricos habitavam a região há mais 7.000 anos.
“Não havia conhecimento sobre estes povos nesta região antes de começarmos o trabalho”, diz o arqueólogo da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul) Gilson Martins.
“Os materiais mostram que o rio tornou o deslocamento dessas populações mais fácil”, diz a arqueóloga Ruth Künzli, da Unesp.
Os objetos estão sendo coletados desde 1993 e fazem parte do resgate arqueológico, que precisou ser feito devido à construção de usinas hidrelétricas na região.
Em mais de cem sítios localizados, foram escolhidos 48 para escavação: 23 pesquisados pela Unesp e 25 pela UFMS. O trabalho deverá ser concluído até dezembro.
Künzli destaca a localização de 11 urnas funerárias com ossos no sítio arqueológico Lagoa São Paulo-2, em Presidente Epitácio.
“Temos a impressão de que neste sítio houve o ponto de contato entre a tradição guarani e a missionária.”
De acordo com Martins, um aquecimento climático há cerca de 2.000 anos fez com que grupos que deram origem às etnias tupinambá, tupiniquim e guarani iniciassem uma migração da Amazônia para o interior e litoral.
“Com as datações, vemos que os guaranis não estavam aqui antes de 800 ou 900 anos atrás”, diz Martins. (Fonte: Elida Oliveira/ Folha.com)