O ano de 2010 já registra um recorde de encalhe de baleias jubarte no litoral brasileiro. Dos 73 encalhes registrados no litoral, 66 ocorrências são da espécie jubarte, segundo o Instituto Baleia Jubarte (IBJ). Esse número é cerca de 60% maior do que o registrado em 2007, ano em que ocorreram 41 encalhes da espécie, e era recorde até então. No ano passado foram registrados 30 encalhes da espécie.
Segundo o veterinário e coordenador do Instituto Baleia Jubarte, Milton Marcondes, vários fatores podem ter provocado o aumento deste ano, entre eles, a diminuição da oferta de alimentos na região da Antártida, por conta do aquecimento global, o surgimento de algum tipo de bactéria que provoque doenças, ou até mesmo o aumento do número de nascimentos. Segundo ele, o encalhe de filhotes dessa espécie representa 58% do total.
“De 2002 a 2005 tivemos uma média de 22 encalhes por ano. De 2006 a 2009 a média aumentou para 36 ao ano. Vimos também que as mortes aumentaram em outras regiões como Argentina e Austrália. Estamos avaliando esse conjunto de fatores com biólogos e veterinários estrangeiros para identificar causas comuns. Pode ser qualquer um desses fatores, mas também pode ser nenhum deles. Ainda estamos avaliando as causas das mortes”, afirma o veterinário.
Bahia e Espírito Santo são os estados que registraram o maior número de animais mortos. Na Bahia, ocorreram até agora 30 encalhes; e no Espírito Santo, 21. Segundo Marcondes, as condições de água quente e rasas atraem a espécie para esses estados para o ciclo de acasalamento e reprodução.
Segundo ele, geralmente o encalhe ocorre com o animal morto. Cerca de 85% dos encalhes são da carcaça do animal. Neste ano, houve apenas três registros de encalhe vivo de baleia jubarte. No Rio Grande do Sul e em Alagoas, as baleias foram devolvidas ao mar, mas não resistiram e voltaram a encalhar mortas.
Na Bahia, está o caso mais recente de encalhe de baleia jubarte. Nesta quinta-feira (23) um animal vivo encalhou na Praia de Saubara (BA). Segundo o Instituto de Mamíferos Aquáticos da Bahia (IMA), a comunidade tentou o desencalhe com ajuda de redes e embarcações. A baleia voltou ao mar, mas encalhou novamente em Madre de Deus (BA).
Nesta sexta-feira (24), equipes do IMA estiveram no local, mas o animal tinha retornado para o mar. O IMA e o IBJ ainda não sabem informar se o animal está vivo e estão em alerta caso a baleia volte a encalhar.
O veterinário acredita que, até o fim do ano, aproximadamente 80 casos de encalhe sejam registrados.
Encalhe de outras espécies – Neste ano, outras espécies de baleias também apareceram mortas no litoral brasileiro. No Sul, quatro baleias franca encalharam: uma no Rio Grande do Sul e três em Santa Catarina. Destas, três eram filhotes e uma era uma adulta. O animal adulto encalhou doente em Santa Catarina e teve que passar por processo de eutanásia, devido ao estado de debilidade.
Segundo o Projeto Baleia Franca, é comum a morte de filhotes em época de reprodução. Em 2009 foi registrado um caso de encalhe da espécie no litoral brasileiro, em Santa Catarina. Neste ano, foram registrados quatro casos de encalhes. Segundo o Projeto Baleia Franca, o índice de encalhe cresce quando aumenta o número de nascimentos.
Neste ano, dois cachalotes encalharam mortos na Bahia e em Alagoas. Segundo o Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA), apesar de os animais pertencerem à família dos golfinhos, eles são considerados baleias pela Comissão Internacional da Baleia (CIB). Uma baleia de bryde também foi encontrada morta no litoral de São Paulo neste ano. (Fonte: Caroline Hasselmann/ G1)