Desmate no Cerrado e agricultura são desafios do Brasil para reduzir emissões de gases estufa

Os números do novo inventário nacional de emissões de gases de efeito estufa, divulgados nesta terça-feira (26), mostram que as mudanças no uso da terra e florestas – que inclui o desmatamento – ainda são o principal fator responsável pelas emissões do Brasil, com 61% do total. Apesar do alto índice, a proporção já foi maior, e a queda do desmatamento na Amazônia, nos últimos anos, deve reduzir a participação do setor nas emissões totais do país nos próximos levantamentos.

O desafio agora será conter o desmate em outros biomas, principalmente no Cerrado, e reduzir as emissões de gases de efeito estufa na agropecuária. O alto potencial de emissões do setor está ligado ao lançamento, na atmosfera, de gases como o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O) – que são muito mais prejudiciais para o aquecimento do planeta que o dióxido de carbono (CO2).

“A agropecuária, que é a segunda maior fonte de emissões, precisa ser tratada como um desafio. A boa notícia é que já existe tecnologia para começar a discussão de como reduzir as emissões no setor”, disse o consultor do Ministério do Meio Ambiente, Tasso Azevedo.

De acordo com o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, as possibilidades de redução na agricultura são muito maiores que em setores como indústria e energia. “A indústria também é um desafio, mas como a matriz energética brasileira é realmente limpa, os espaços de redução [de emissões] significativa na indústria são menores que o espaço de redução na agricultura”, comparou.

De acordo com o novo inventário, as emissões brasileiras passaram de 1,4 gigatoneladas para 2,192 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente – medida que considera todos os gases de efeito estufa. Depois de mudanças no uso da terra e florestas, o setor que mais colabora para as emissões é a agricultura com 19%, seguido de energia, responsável por 15%. O inventário também contabiliza emissões da indústria e do tratamento de resíduos, responsáveis por 3% e 2% do total nacional, respectivamente. (Fonte: Luana Lourenço/ Agência Brasil)