Governos de quase 200 países tentavam na quarta-feira (8) superar o impasse entre países ricos e pobres a respeito das medidas necessárias para combater o aquecimento global e evitar um novo fracasso numa conferência climática da ONU, a exemplo do que ocorreu no ano passado em Copenhague.
A atual conferência tem sido dominada pela questão da prorrogação do Protocolo de Kyoto, que impõe reduções nas emissões de gases do efeito estufa a cerca de 40 países desenvolvidos, poupando as nações em desenvolvimento. Japão, Canadá e Rússia dizem que não aceitarão prorrogar o tratado, que expira em 2012, se grandes nações emergentes, como China e Índia, também não tiverem obrigações a cumprir.
Com aspecto cansado após dez dias de negociações em Cancún, a chanceler mexicana, Patrícia Espinosa, disse que ainda acredita na aprovação de ‘um pacote ambicioso, amplo e equilibrado’ até sexta-feira, quando termina a conferência.
Um dos objetivos dos negociadores é estabelecer um novo fundo financeiro para ajudar os países em desenvolvimento a combaterem a mudança climática, além de aprovarem mecanismos relacionados a proteção florestal e compartilhamento de energias limpas.
Se nem esses passos modestos forem dados em Cancún, será praticamente a repetição da conferência de Copenhague, que começou sob a expectativa de um novo tratado de cumprimento obrigatório para todos os países – mas terminou apenas com uma vaga declaração por parte dos principais governos, comprometendo-se a limitar o aumento da temperatura média global em 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.
‘O fracasso não é uma opção, ou corremos o risco de acelerar a erosão da confiança na legitimidade das discussões da ONU como fórum para resolver a mudança climática’, disse o primeiro-ministro Tuilaepa Lupesoliai Neioti Sailele Malielegaoi, de Samoa, país insular fortemente ameaçado pela elevação do nível dos mares, decorrente do aquecimento global.
A necessidade de acordos por unanimidade – do mais miserável país africano a potências como EUA e China – complica as negociações, especialmente numa era de alteração do equilíbrio de poder.
O primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, disse que alguns países estão recuando até mesmo das promessas feitas em Copenhague, como o da liberação de uma ajuda climática de 100 bilhões de dólares por ano a partir de 2020.
Textos-base que circulam em Cancún citam a cifra de 100 bilhões de dólares ou um valor bem mais alto: 1,5 por cento do PIB dos países desenvolvidos. Stoltenberg alertou as nações que, ao querem discutir mais ajuda, os países pobres podem acabar reduzindo o valor de 100 bilhões de dólares. ‘O resultado de Cancún é incerto’, disse ele. (Fonte: G1)