A Rússia proibiu nesta segunda-feira (30) a importação de alguns tipos de vegetais comestíveis da Alemanha e da Espanha, incluindo pepinos e tomates, por causa de um surto de infecções provocado por uma variedade da bactéria Escheridia coli em partes da Europa.
A decisão russa foi anunciada após o pedido do governo alemão para que a população não coma pepinos até que os cientistas consigam identificar a origem da bactéria, que já matou 14 pessoas no país.
Acredita-se que a fonte da infecção sejam pepinos contaminados que foram importados da Espanha e depois enviados da Alemanha para outros países europeus, mas isso ainda terá que ser confirmado por testes.
Cientistas suspeitam que pepinos, tomates e alface possam ter espalhado a bactéria, mas até agora apenas amostras de pepinos analisados em Hamburgo, na Alemanha, tiveram a contaminação constatada.
Até o momento, 1,2 mil casos confirmados ou suspeitos de infecções pela E. coli foram registrados na Alemanha, e centenas de pessoas também foram infectadas na Suécia, Dinamarca, Holanda e Grã-Bretanha.
Contaminação – Na maior parte dos casos, uma infecção gastrointestinal causada pela bactéria desencadeou a chamada Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU) nas pessoas contaminadas.
A síndrome leva a problemas nos rins e pode matar. A ocorrência de SHU nos pacientes surpreendeu os pesquisadores porque, normalmente, a doença afeta crianças com menos de cinco anos de idade.
Mas, no caso alemão, 90% dos pacientes são adultos e dois terços são mulheres, segundo o correspondente da BBC em Berlim Stephen Evans.
Segundo fontes oficiais, o ministro da Saúde alemão, Daniel Bahr, está se preparando para uma reunião de emergência com a ministra de Assuntos do Consumidor, Ilse Aigner, e com representantes de Estados alemães para discutir a situação.
O Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), com sede na Suécia, disse que o surto de SHU é “um dos maiores que já foram registrados no mundo e o maior já registrado na Alemanha”.
No caso da Alemanha, a doença parece estar sendo causada por uma variedade da E. coli que produz uma toxina específica que destrói hemácias (células vermelhas do sangue) e provoca insuficiência renal.
A E. coli se propaga principalmente pela comida, pela água contaminada ou pelo contado com animais doentes.
Os sintomas típicos da infecção pela bactéria são febre moderada e vômito. Em alguns casos, há diarreia com sangue nas fezes.
A maioria dos pacientes se recupera em cerca de sete dias, mas uma parcela deles pode desenvolver a Síndrome Hemolítico-Urêmica.
Nos casos mais severos, a síndrome provoca convulsões e problemas graves no sistema nervoso.
Especialistas alemães disseram que mais mortes deverão ocorrer na Alemanha, uma vez que 30 pessoas infectadas já perderam suas funções renais.
Teme-se também que aumente o número de casos de infecção pela bactéria, já que são necessários dez dias para que os sintomas apareçam.
Recolhendo produtos – Em meio ao pânico gerado pelo surto infeccioso, autoridades na República Tcheca, Áustria e França recolheram alguns pepinos espanhóis das lojas.
A Áustria proibiu a venda de pepinos, tomates e berinjelas importadas da Alemanha.
Oficiais tchecos disseram também que pepinos contaminados podem ter sido exportados para Hungria e Luxemburgo.
Até o momento, suspeita-se que pepinos orgânicos espanhóis exportados para outros países europeus pela Alemanha ou diretamente pela Espanha, tenham desencadeado o surto infeccioso.
Segundo um porta-voz da União Europeia (UE), duas fazendas espanholas identificadas como possíveis fontes do surto infeccioso foram fechadas e estão sob investigação.
Mas as autoridades espanholas disseram que a UE não deve se apressar em culpar os produtores da região.
“Você não pode atribuir a origem desta doença à Espanha”, disse em Bruxelas Diego López Garrido, secretário de Estado da Espanha para Assuntos Europeus.
“Não há provas e é por isso que vamos exigir que aqueles que culparam a Espanha por essa questão respondam por seus atos”.
A conselheira de agricultura e pesca da região da Andaluzia, no sul da Espanha, Clara Aguilera, disse que o pânico em relação aos pepinos espanhóis está prejudicando o setor agrário do país.
“Não sei por que é interessante para as pessoas ficarem contra a Espanha, contra a Andaluzia. Espero que não tenha a ver com interesses comerciais e que não continue. O dano provocado aqui é irreversível”, disse.
Na província de Almeria, no sudeste do país, plantações de pepinos estão sendo destruídas. (Fonte: G1)