A trufa, um ingrediente selecionado, usado na cozinha francesa e italiana, passará, talvez, a incrementar os pratos mais setentrionais, porque está surgindo mais para o norte, por causa do aquecimento climático, comprovou o cientista suíço Ulf Buentgen.
A trufa é um cogumelo subterrâneo, da família das entuberáceas, que produz corpos esporíferos tuberosos, comestíveis pelo sabor e pelo aroma agradáveis. Há várias espécies, todas europeias.
O climatologista explicou à AFP que o aumento médio da temperatura observada durante o século XX pode ter deslocado o habitat natural do precioso tubérculo a cerca de 100 km ao norte da França, em direção à Alemanha. Durante expedição no sul da Alemanha no ano passado, com um cão farejador treinado, o climatologista do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, Suíça, descobriu cerca de 2 kg de trufas na Borgonha. Segundo Buentgen, isso poderia ser explicado pelas mudanças climáticas, com o deslocamento da linha isotérmica de cerca de 110 km.
Um estudo mais aprofudado, em curso, permitiu descobrir mais de 200 sítios de trufas desde o verão passado, no leste da Suíça e na Alemanha. A descoberta, ao que tudo indica, pode se tornar lucrativa para os países europeus de norte, uma vez que o cobiçado cogumelo é comercializado por até mil euros (R$ 2.231) a peça.
“É impressionante, diz Buentgen, sabemos poucas coisas sobre esse “champignon”, que cresce sob a terra; na realidade, quando você descobre algum, está acabando de matá-lo. Não há como saber se estava lá durante semanas ou meses”, afirma.
“Mas o que é certo é que nos sítios tradicionais mediterrâneos, onde as trufas eram colhidas em maior abundância, observa-se um forte declínio de sua presença nos últimos 30 anos, o que deve estar ligado ao aquecimento climático”, acrescentou. (Fonte: Portal Terra)