O aumento da temperatura global nos últimos 150 anos, da Revolução Industrial até os dias atuais, é “sem precedentes” comparando com outros períodos dos últimos 24 mil anos. É o que calculou um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, que dá mais uma pista sobre o papel das atividades humanas — como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento — no aquecimento do planeta.
Publicada na revista científica Nature no último dia 10 de novembro, três dias antes do final da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), a pesquisa revela uma tendência geral de elevalção na temperatura nos últimos 10 mil anos. Tanto a taxa quanto a magnitude do aquecimento moderno, no entanto, “são incomuns” em relação às mudanças climáticas observadas desde a última era do gelo.
“Esta reconstrução sugere que as temperaturas atuais são sem precedentes em 24 mil anos e também indica que a velocidade do aquecimento global causado pela humanidade é mais rápida do que qualquer coisa que vimos naquele mesmo tempo”, avalia Jessica Tierney, professora associada de Geociências da Universidade do Arizona e coautora do estudo, em nota.
Segundo a investigação, são dois os principais motores por trás do clima mais quente: o aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre e o recuo das camadas de gelo nas regiões polares.
A equipe analisou sedimentos marinhos pré-históricos, considerados “termômetros” naturais do clima. Os dados obtidos por meio desses registros foram inseridos em simulações computadorizadas, que ajudaram a criar mapas mais acurados sobre como a temperatura global variou a cada intervalo de 200 anos. Para os pesquisadores, esses mapas ajudam a entender quão severo o aquecimento global é hoje.
E também quanto é necessário estipular metas mais ambiciosas para refrear o avanço das mudanças climáticas: segundo um relatório da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCC) apresentado no dia 4 de novembro, os objetivos estipulados por cada país até então na COP26 ainda deixariam o mundo sujeito a sofrer um aumento de 13,7% nas emissões de gases do efeito estufa.
“O fato de estarmos hoje tão longe dos limites do que podemos considerar normal é motivo de alarme e deve ser surpreendente para todos”, adverte Matthew Osman, pesquisador de pós-doutorado em geociências na Universidade do Arizona e principal autor do estudo. Agora, a equipe quer comparar o aquecimento global moderno com as temperaturas do planeta em épocas ainda mais longínquas.
Fonte: Galileu