O produtor rural e funcionário público federal Gerson Bueno Zahdi, preso pela Polícia Federal na quarta-feira (17) por transporte, armazenamento e corte irregulares de carne de jacaré, possui licença expedida pelo Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Renováveis (Ibama). A informação é da coordenadora do setor de fauna do órgão em Mato Grosso do Sul, Paula Mochel.
Em nota divulgada pela Polícia Federal na quinta-feira (18), a informação era de que Zahdi não tinha qualquer licença atualizada para criação, abate ou comercialização de jacaré. Ele chegou a ser detido, juntamente com a esposa e a filha, mas foi liberado após pagamento de fiança.
Segundo Paula, a licença em vigência autoriza apenas a criação e o abate dos animais para a comercialização do couro. “Ele não pode vender carne porque não tem licença expedida pelo SIF [Serviço de Inspeção Federal], pode apenas vender animais vivos para abatedouro legalizado.”
Zahdi, dono do único criadouro de jacarés no Mato Grosso do Sul, foi preso em flagrante com a filha e a esposa na quarta-feira (17) na BR-262, em Miranda, distante 203 quilômetros de Campo Grande.
Em nota, a PF divulgou que no carro do produtor, foram encontradas 43 cabeças de jacarés, 96 jacarés inteiros de diversos tamanhos, e 11 quilos de filé de jacaré em pacotes. Na ocasião, Zahdi não apresentou a documentação de autorização ambiental ou nota fiscal.
Conforme o Ibama, a mercadoria do produtor estava irregular devido à falta de licença para transporte e à ausência de lacre fornecido pelo Ibama nas peles.
A partir desta apreensão na BR-262, a equipe da PF foi até a fazenda de propriedade de Zahdi, em Aquidauana, onde é mantido um criadouro de jacaré, e em um local de Campo Grande. Nos dois lugares, foram feitas mais apreensões.
Um dos indícios que levou a prisão de Zahdi, da esposa e da filha foi o fato do nome dele aparecer como irregular no site da consulta pública do certificado de regularidade do Ibama, segundo a PF. Questionada, Mochel enfatiza que isso pode estar relacionado a outra pendência, já que o produtor possui a licença para criar os jacarés.
Investigação – O delegado de PF, Mário Nomoto, afirma que as investigações continuam, já que levantamentos preliminares constataram irregularidades no criatório. Na manhã desta sexta-feira (19), dois funcionários da fazenda foram até a Superintendência da PF em Campo Grande para prestar depoimento.
“O objetivo da investigação é saber se de fato existe autorização expedida pelo Ibama do criatório e para transporte e comércio de carne de jacaré”.
Em entrevista ontem, Nomoto disse que causa estranheza que um servidor do Ibama não tenha licença do órgão para a atividade. Zahdi é servidor do Ibama há 30 anos e estava em processo de aposentadoria. Paula Mochel disse que, enquanto era titular do setor de fauna, os documentos relativos à autorização da atividade dele sempre eram avaliados pelo Centro de Conservação e Manejo de Réptil e Anfíbios em Goiânia (GO).
Zahdi deve ser indiciado pela PF por abuso de licença concedida pelo Ibama, manutenção de depósito de subproduto de animais sem autorização e formação de quadrilha pela quantidade de pessoas envolvidas na criação. (Fonte: G1)