Os machos da rã-túngara se reúnem em poças rasas à noite e entoam longos chamados de acasalamento. As fêmeas visitam as poças, escutam alguns chamados e, rapidamente, escolhem os parceiros. Lembra até os encontros-relâmpago.
O chamado do macho consiste num lamento seguido por uma série de grunhidos ou ‘cacarejos’. Uma nova pesquisa sugere que as fêmeas julgam os machos segundo tais cacarejos – não pelo número absoluto, mas pela proporção do cacarejo entre os concorrentes.
Durante o estudo no Panamá, muitas fêmeas pareciam preferir dois cacarejos em relação a um só, mas a maioria não mostrou preferência entre três e dois cacarejos. É um conceito com o qual os humanos conseguem se identificar, disse Karin Akre, bióloga evolucionária da Universidade do Texas, campus de Austin, que conduziu a pesquisa.
“Numa pilha de três e quatro laranjas, é muito fácil ver que uma tem mais, mas fica complicado notar a diferença entre 50 e 60 laranjas, embora a diferença absoluta seja maior.” As rãs não estão sozinhas à noite; quem também ronda ao redor são morcegos predadores das rãs. Surpreendentemente, os pesquisadores descobriram que os morcegos usam a mesma estratégia das fêmeas na hora de selecionar uma presa.
A exemplo das fêmeas, eles são atraídos pelos machos que emitem mais cacarejos e fazem a escolha segundo a proporção, não pela diferença absoluta.
“Eles demonstram ter exatamente a mesma preferência”, disse Akre.
Dada a diferença nos sistemas auditivos das duas espécies (uma é mamífera e a outra, anfíbia), “é surpreendente e interessante que ambas compartilhem essa habilidade cognitiva”. O estudo foi publicado na edição atual da ‘Science’. (Fonte: Portal iG)