Relatório publicado nesta quarta-feira (9) pela Agência Internacional de Energia aponta que a demanda mundial por consumo de energia deverá aumentar em um terço nos próximos 25 anos e aponta que se o crescimento ocorrer com uso intenso de combustíveis fósseis, as emissões de CO2 aumentariam em 20%.
Esta trajetória proporcionaria o aumento da temperatura global em 3,5º C acima dos níveis pré-industriais a longo prazo, de acordo com o documento.
A AIE informou que se não houver uma corajosa e rápida mudança política (a agência estipula 2017 como data limite para que medidas importantes aconteçam), como a redução no uso de combustíveis fósseis e investimentos para melhorias na eficiência energética, o mundo caminhará em uma rota ainda mais perigosa, “que levará a um aumento da temperatura de 6ºC ou mais”.
A agência aponta que em 2035 a China será o principal consumidor de energia, utilizando 70% a mais de recursos que os Estados Unidos, segundo no ranking de consumo. Entretanto, o ritmo de crescimento da potência asiática seria menor ao de países em desenvolvimento como o Brasil e a Índia.
Energia renovável – Estimativa de investimentos entre 2011 e 2035 na distribuição mundial de energia, que fortaleceria a eficiência energética e diminuiria investimentos em usinas e no uso de petróleo, estaria em torno de US$ 38 bilhões.
O estudo prevê ainda uma pequena redução, de 81% para 75%, no uso de combustíveis fósseis no mundo em 2035 e afirma que haverá aumento de investimentos nas energias renováveis.
A capacidade mundial sairia dos atuais 13% para 18%, custeado por subsídios de governos que aumentaria de US$ 64 bilhões, em 2010, para US$ 250 bilhões em 25 anos. Apesar do esforço, o valor é muito mais baixo ao que foi subsidiado para a produção de petróleo em 2010 (US$ 409 bilhões).
Nuclear – A produção nuclear no globo poderá cair 15% até 2035 depois da catástrofe de Fukushima, no Japão, em março passado.
Essas capacidades cairiam de 393 GW, dado do final de 2010, para 335 GW em 2035, segundo um cenário específico elaborado pela AIE, que leva em conta a decisão de alguns países de reduzir sua produção elétrica de origem nuclear depois do acidente da central nuclear japonesa.
Entretanto, o uso de carvão, um dos principais responsáveis pela elevação das emissões de CO2, subiria 65% em 2035, especialmente na China, que hoje responde por quase metade do consumo global.
A AIE sugere a construção de usinas mais eficientes na captura e armazenamento de carbono, apesar destes empreendimentos ainda enfrentarem barreiras regulamentares e políticas para sua implantação.
Debate no Brasil – O documento informa também que o ano de 2012 será decisivo para agir na questão da energia sustentável, citando a Organização das Nações Unidas (ONU) que declarou o próximo período como “Ano internacional da Energia Sustentável para todos”.
A Agência Internacional de Energia cita que a cúpula climática da Rio+20, que será realizada em junho, no Rio de Janeiro, será o principal local para tais discussões. “Mais financiamento, de fontes variadas e sob diferentes formas”, diz o documento.
“A cada ano que passa, ficamos sem sinais claros de que há uma condução de investimentos em energia limpa e em infraestrutura. Com isso, fica cada vez mais difícil e caro atender a nossa segurança energética e as metas climáticas”, disse Fatih Birol, economista-chefe da agência em um comunicado.
Retardar ações para uma economia de baixo carbono poderia causar prejuízo, diz o relatório. Ele estima que para cada US$ 1 que não é aplicado em tecnologias limpas, representa um investimento de US$ 4,30 a mais depois de 2020 para compensar o aumento das emissões. (Fonte: Globo Natureza)