A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um alerta duro nesta sexta-feira (30) a cientistas que conseguiram criar uma forma altamente patogênica do vírus letal H5N1 da gripe aviária, dizendo que o trabalho deles pode ter riscos significativos e deve ser rigidamente controlado.
A agência de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU) disse estar “profundamente preocupada com as consequências negativas potenciais” do trabalho de duas equipes de pesquisa da gripe, que este mês disseram ter descoberto como tornar o H5N1 numa forma transmissível, capaz de provocar pandemias letais entre os seres humanos.
O trabalho das equipes, uma da Holanda e outra dos Estados Unidos, já provocou um pedido de censura inédito de assessores de segurança americanos, que temem que a publicação de detalhes do estudo possa dar a agressores potenciais o “know-how” de como fazer uma arma biológica para fins terroristas.
O Conselho Nacional de Ciência para a Biossegurança dos Estados Unidos pediu que dois periódicos que querem publicar o trabalho disponibilizem o estudo apenas em versões editadas, pedido contestado pelos editores das revistas e por muitos cientistas.
Em sua primeira declaração sobre a polêmica, a OMS afirmou: “Embora esteja claro que o ato de conduzir pesquisas para obter conhecimento deve continuar, também está claro que certas pesquisas, e principalmente aquelas que podem gerar formas mais perigosas de vírus, têm riscos”.
O H5N1 é extremamente mortal em pessoas que estão diretamente expostas ao vírus de aves infectadas. Desde que foi detectado, em 1997, cerca de 600 pessoas o contraíram e mais da metade delas morreu.
Mas até agora o vírus não sofreu uma mutação natural para uma forma que pode passar facilmente de pessoa para pessoa, embora muitos cientistas temam que esse tipo de mutação deva acontecer e representar uma grande ameaça à saúde.
Pesquisadores da gripe no mundo trabalham há vários anos para tentar descobrir que mutações dariam ao H5N1 a capacidade de se espalhar mais facilmente de pessoa para pessoa, ao mesmo tempo mantendo suas propriedades fatais.
O Instituto Nacional de Saúde dos EUA financiou os dois estudos sobre como o vírus poderia ficar mais transmissível em humanos, com o objetivo de obter conhecimento sobre como reagir se a mutação ocorrer de forma natural.
Mas a OMS disse que a pesquisa deveria ser feita “apenas depois que tivessem sido identificados todos os riscos à saúde pública e benefícios importantes” e “houvesse a certeza de que as proteções necessárias para minimizar o potencial para consequências negativas estavam em vigor”. (Fonte: G1)