Histórias de mau uso do solo não são de hoje. Pesquisadores identificaram que há três mil anos a ação humana provocou mudanças significativas na floresta tropical da África Central, que foi rapidamente substituídas por savanas. O estudo do solo na bacia do rio Congo provou que a erosão foi contemporânea à migração da tribo Bantu para onde hoje é a fronteira da Nigéria com Camarões. Os pesquisadores afirmam que a intensificação do uso do solo, já naquele período , teve um grande impacto na floresta tropical.
Os pesquisadores sugerem que a introdução da agricultura na África Central intensificou o uso da terra e consequentemente a erosão. De acordo com os dados, que remontavam a 40 mil anos, houve uma alteração sem precedentes no solo da região. A análise geoquímica da composição da terra mostrou que ocorreu uma alteração na proporção de alumínio e potássio do solo. Com estes dados, os pesquisadores puderam perceber a intensidade da erosão ocorrida naquela época.
Até agora era consenso que a alteração da vegetação na região teria sido provocada por mudanças climáticas, quando árvores perenes foram trocadas por savanas e campos. A partir da análise de sedimentos da bacia do congo, pesquisadores do Instituto Francês de Pesquisa para a Exploração do Mar concluíram que os Bantu, há 3 mil anos, intensificaram o uso do solo e facilitaram o processo de erosão à medida que cortavam árvores para criar terra arável para a agricultura e para a metalurgia de ferro.
“Nosso estudo confirma que já na pré-história, atividades humanas já tinham impacto nas florestas tropicais. Obviamente, naquela época, os Bantu já limpavam a terra para cultivar as lavouras e, talvez depois para produzir carvão para a metalurgia”, disse ao iG Germain Bayon, autor do estudo publicado hoje (9) no periódico científico Science.
Erosão atrapalhou plantio – Bayon acredita que é muito provável que a erosão pode ter tido influência na migração dos agricultores Bantu. “Primeiro, porque a mudança climática progressiva levou ao surgimento de uma sazonalidade mais acentuada, com alternâncias drásticas das estações secas e chuvosas”, disse. A sazonalidade era uma condição indispensável para o cultivo de culturas como o milho.
“Outro fator está relacionado com as secas progressivas na África subequatorial, muito provavelmente provocando mudanças nos padrões de vegetação, a transição das florestas tropicais para savanas. Estas alterações podem ter facilitado a migração dos primeiros fazendeiros para os corredores abertos de savanas”, disse. (Fonte: Maria Fernanda Ziegler/ Portal iG)