Estudo mostra que ouro em folha de árvore pode identificar reserva no solo

Cientistas anunciaram nesta terça-feira (22) a descoberta de um surpreendente marcador que indica a localização de ouro no subsolo, depois que traços minúsculos do mineral foram encontrados nas folhas de eucaliptos que crescem sobre veios do valioso mineral.

A descoberta incomum representa uma ferramenta importante para exploradores em uma época de reservas auríferas escassas e preços nas alturas, com uma redução de 45% das novas descobertas na última década, segundo um estudo publicado no periódico “Nature Communications”.

“Este vínculo entre o crescimento vegetal e depósitos de ouro subterrâneo pode ser útil no desenvolvimento de novas tecnologias para a exploração mineral”, destacou um resumo do estudo divulgado para a imprensa.

Os eucaliptos são capazes de fincar suas raízes bem fundo no solo em busca de água em regiões secas, atingindo inclusive áreas ricas em ouro, absorvendo partículas microscópicas do metal enquanto sorvem água.

Uma equipe de cientistas australianos afirmou ter provado que o ouro pode ser absorvido pelas raízes e viajar pelo tronco da árvore até chegar às suas folhas, ainda que em concentrações muito pequenas.

Segundo o Conselho Mundial de Ouro, mais de 174 mil toneladas de ouro foram extraídas da Terra desde o início da civilização.

Em 2011, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (US Geological Survey) estimou em 51 mil toneladas as reservas auríferas ainda disponíveis no mundo.

O preço do metal disparou 482% entre dezembro de 2000 e março deste ano. Sessenta por cento do ouro é utilizado na fabricação de joias, mas ele também é um componente crucial de eletrônicos e é usado na tecnologia médica, inclusive no tratamento contra o câncer.

Em seu estudo, os cientistas pesquisaram árvores de eucalipto que crescem em duas regiões de prospecção, no sul e no oeste da Austrália, usando raios-X para buscar ouro em folhas, ramos, na casca da árvore e no solo.

Os eucaliptos, alguns dos quais chegam a mais de 10 metros de altura, têm um sistema de raízes incomumente profundo e extenso, podendo chegar a uma profundidade de 40 metros, segundo registros documentados.

Os cientistas descobriram que as concentrações de ouro detectadas são baixas, com alguns centésimos ou milionésimos de grama por tonelada, porém são mais elevadas nas folhas.

“O ouro provavelmente é tóxico para as plantas e é levado para suas extremidades (como as folhas)”, afirmaram.

Traços minúsculos de ouro já tinham sido encontrados algumas vezes em plantas, mas nunca ficou claro se estes tinham sido absorvidos ou foram transportados pelo vento.

A nova descoberta “promove a confiança em uma técnica emergente que possa levar a explorações bem sucedidas no futuro e manter a continuidade da oferta” de ouro, escreveram os autores do estudo. (Fonte: G1)