Uma linhagem de peixes da Antártida, que desenvolveu um tipo especial de proteína para não congelar nas águas geladas, está ameaçada pelo aquecimento do mar, segundo um estudo da Universidade Yale, nos Estados Unidos, publicado nesta segunda-feira (13) pela “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
“Um aumento de 2ºC na temperatura da água deve ter um impacto devastador nessa linhagem de peixe da Antártida, que está tão bem adaptada a temperaturas negativas”, afirmou Thomas Near, professor de ecologia e biologia evolucionária em Yale e co-autor do estudo, em material de divulgação. O Oceano Antártico tem verificado um dos mais rápidos aquecimentos da Terra, devido às mudanças climáticas.
Os pesquisadores analisaram a história da evolução da linhagem “notothenioids”, que se diversificou em mais de cem espécies de peixe. Ela teria sobrevivido a um resfriamento das águas, há dezenas de milhares de anos, que provocou a extinção em massa de espécies adaptadas a um oceano mais quente.
A chave da adaptação dos “notothenioids” teria sido o desenvolvimento de glicoproteínas anti-congelantes, de 22 a 42 milhões de anos atrás. A mesma característica que ajudou os peixes a sobreviverem em um ambiente mais frio os torna suscetíveis a um mundo mais quente, diz Near.
Segundo a pesquisa, a propagação desses animais pelo oceano Antártico ocorreu cerca de 10 milhões de anos depois do surgimento da proteína. Eles teriam se espalhado para diversos habitats e se diversificado, originando espécies diferentes. Isso indicaria que outros fatores, além da proteína, influenciaram no sucesso da sobrevivência da espécie nas águas geladas. (Fonte: Globo Natureza)