O Brasil apoiará, na Rio+20, a criação de um novo órgão da ONU responsável por discutir ações na área de desenvolvimento sustentável. Segundo a delegação brasileira, há concordância entre os países que participarão da conferência sobre a criação do novo órgão.
Hoje existe a Comissão de Desenvolvimento Sustentável na ONU, que foi criada na Eco-92 para avançar o debate sobre o tema.
“Isso demonstrou ser insuficiente. Do ponto de vista de ONU, por ser uma comissão, ela está em um nível de hierarquia que não permite a ela dar ordens a outros órgãos. A ideia é criar um órgão que esteja em um nível hirárquico, e aí se diz um conselho, para que possa garantir coerência no tratamento do tema na ONU”, disse o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, secretário-executivo da Comissão Nacional da Rio+20.
O embaixador participou nesta terça-feira, em Nova York, de um evento para discutir a conferência mundial da ONU sobre desenvolvimento sustentável que ocorrerá em junho, no Rio de Janeiro. O debate foi organizado pelos jornais “Financial Times” e “Valor Econômico”.
Desde segunda-feira, a ONU faz a terceira rodada de negociações sobre o Rascunho Zero, documento que pautará a conferência.
Segundo Machado, a criação do conselho mudaria a incorporação das três dimensões do desenvolvimento [social, econômica e ambiental] na ONU. “A ONU passaria a ter uma função na área de desenvolvimento que hoje ela não tem.”
O embaixador disse ainda que a falta de financiamento para as ações que promovam desenvolvimento é sensível. “Não há dúvida que há obrigações dos países desenvolvidos que não foram cumpridas nessa área e essas obrigações não podem ser transferidas para os países emergentes.”
Os países ricos não cumpriram, por exemplo, o compromisso de aumentar a assistência ao desenvolvimento para 0,7% do PIB.
Luciano Coutinho, presidente do BNDES que também participou do evento nesta terça-feira, afirmou que o banco de desenvolvimento, assim como outras instituições de fomento, estarão presentes na Rio+20, mas admitiu que há desafios para financiar as ações.
“Não é um bom momento para a conferência, que requer visão de futuro, generosidade e comprometimento. Para ser franco, não estamos vendo isso na economia global”, disse o executivo. (Fonte: Folha.com)