Comprar produtos como café, chá e açúcar em países desenvolvidos acelera a degradação do habitat de espécies ameaçadas de extinção em países em desenvolvimento. Esta é a conclusão de um estudo publicado nesta quarta-feira no periódico científico Nature.
O trabalho relacionou mais de 25 mil espécies que fazem parte da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) com mais de 15 mil mercadorias produzidas em 187 países e mostrou que o impacto individual de cada país sobre a biodiversidade vai muito além do seu território. “Ficamos muito surpresos com o tamanho do efeito. Muitos de nossos vizinhos (Papua Nova Guiné em relação a Austrália; e Honduras para a América Latina) possuem até 60% de suas espécies ameaçadas devido ao comércio internacional.”, afirmou ao iG Barney Fornan, um dos autores do estudo, da Universidade de Sidney, na Austrália. De modo global, o estudo conclui que esta relação é de 30%, excluídas as espécies invasoras.
Para chegar a esta conclusão os pesquisadores analisaram as relações entre fatores como produção, venda e consumo; extração de recursos e uso da terra; e mudança de habitats. Um exemplo encontrado foi o do macaco aranha que está perdendo seu habitat por causa da plantação de café e cacau no México e na América Central. A análise mostrou também que Estados Unidos, União Europeia e Japão são os principais destinos das mercadorias que estão relacionadas à perda de biodiversidade.
No caso do Brasil, os números mostram que há 35 espécies relacionadas à produção que são exportadas, para países como Estados Unidos, Japão, Alemanha, Argentina e China. Já a importação brasileira ameaça 76 espécies de fora do país, vindas de Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Bolívia, entre outros. O mapa completo pode ser encontrado em http://worldmrio.com/biodivmap.
O resultado mostra ainda a importância de estudar a perda da biodiversidade – que pode estar levando o planeta à sexta grande extinção de forma global. (Fonte: Portal iG)