Cientistas da Universidade do Colorado, em Boulder, nos EUA, analisaram grãos de minérios do fundo do Grand Canyon para um estudo, publicado nesta quinta-feira (29) na revista “Science”. A pesquisa indica que boa parte do desfiladeiro foi formada há cerca de 70 milhões de anos, principalmente na porção oeste.
O estudo afirma ainda que o Grand Canyon foi provavelmente formado por um “rio ancestral”, antecessor do atual Rio Colorado, que corria há milhões de anos em direção contrária às águas atuais, segundo a pesquisadora Rebecca Flowers, uma das autoras da pesquisa.
A profundidade do desfiladeiro chega a ser de 1,5 km em alguns pontos, com cerca de 450 km de extensão no total. A análise aponta uma mudança no período aceito tradicionalmente como o de formação do Grand Canyon, no Arizona, e acrescenta mais 60 milhões de anos à “idade” do desfiladeiro, afirma o estudo.
Para chegar ao resultado, a equipe de cientistas usou um método que analisa o decaimento radioativo de átomos de tório e urânio para se tornarem átomos de hélio, fenômeno que ocorreu com um minério conhecido como apatita, encontrado no Grand Canyon.
Os átomos de hélio ficaram presos nos grãos de minério conforme eles foram resfriados e se moveram em direção à superfície, durante a formação do Grand Canyon, segundo a cientista. Ao analisá-los, a “história” gravada nos grãos de apatita permitiu aos cientistas estimar quanto tempo se passou desde a formação do Grand Canyon, disse a pesquisadora.
“Nossa pesquisa implica que o Grand Canyon foi escavado de algumas centenas de metros até a sua profundidade atual há cerca de 70 milhões de anos”, disse Flowers.
Controvérsia – Há muita controvérsia quanto à idade e à formação do Grand Canyon. Uma série de pesquisas sugere que o desfiladeiro tem uma história complexa, e que nem toda a estrutura pode ter se formado ao mesmo tempo.
Em estudo publicado anteriormente, em 2008, Flowers e seus colegas mostraram que a porção leste do Grand Canyon provavelmente se formou há 55 milhões de anos, apesar de o fundo do desfiladeiro, na época, não haver sofrido erosão – hoje a região está mais funda, o que exigiria novos estudos.
“Houve um ressurgimento de trabalhos científicos sobre o Grand Canyon nos últimos anos, porque agora nós temos técnicas novas que permitem datar rochas que antes não conseguíamos”, disse a pesquisadora. (Fonte: G1)